Milagres existem? Bom, se algum religioso ler
isso certamente dirá que sim. Milagres existem e são feitos por mãos de santos
ou, no caso de evangélicos, de bispos ou pastores.
A palavra milagre tem uma conotação muito
interessante, já que, em muitos momentos, está relacionada à cura. Portanto,
quando alguém adoece de algum mal que a medicina tradicional é incapaz de
tratar, mas, ainda assim, se recupera ficando plenamente saudável, é comum
dizer-se que ocorreu um milagre.
Os milagres ficaram conhecidos através dos
relatos bíblicos sobre Jesus Cristo. Segundo a Bíblia, o rei dos judeus teria
praticado curas, afastado demônios, ressuscitado um homem, multiplicado pães e
peixes, andado sobre a água e feito uma série de outras transformações da
realidade que não podem ser explicados pela ciência ou por um pensamento
racional (Hoje a ciência ainda tenta explicá-los, mas o raciocínio lógico ainda
diz que esses fatos não passam de crendices ou, na visão dos espiritualistas,
de milagres).
Mas essa busca incessante por dar explicações
aos fenômenos da natureza, ou daquilo que foge à realidade tornando-se
sobrenatural, esteve sempre na cabeça do homem. A diferença é que nos séculos mais
recentes a ciência ganhou uma predominância sobre as outras formas de
conhecimento.
Até a Idade Média os conhecimentos científico,
filosófico e esotérico possuíam praticamente as mesmas fontes. A ciência, a
metafísica e o misticismo encontravam-se intrinsecamente ligados e todo o saber
estava relacionado a eles. Logo, o que não era possível de se explicar com uma
dessas três áreas de conhecimento era solucionado pelas outras duas. Hoje isso
não ocorre mais. Sendo assim, a ciência não permite que a realidade seja
explicada por meio da mitologia e até a filosofia está subordinada à forma de
conhecimento determinada pelos cientificistas.
Esse predomínio da ciência sobre as outras
áreas de conhecimento levou, inclusive, a Igreja Católica a adotar como
milagres – realizados pelos Santos – somente os casos em que não é possível
haver uma comprovação científica. Estando esgotadas todas possibilidades de
explicações lógicas e racionais o feito só pode ter como origem a divindade e
seus desígnios.
A ciência nesses casos é, de fato, uma
importante ferramenta para separar aqueles que têm boa fé e acreditam nos
milagres, daqueles de má índole que só querem enganar as pessoas e arrecadar
mais dinheiro com suas Igrejas.
Por isso é preciso estar atento, pois muitos
dos que são descritos como milagres, ou seja, fatos sem a comprovação
científica, são na verdade golpes aplicados por falsos profetas em uma
população carente de explicações para seus sofrimentos ou para a própria
existência.
Nesse caso, o milagre não é aquilo que a
ciência não pode comprovar. Mas sim, o feito, ou fato, que a ciência prova não
possuir outra explicação que não uma intervenção divina. Pode parecer confuso
esse argumento, mas é mais fácil visualizá-lo com um exemplo: imagine que
existe um sacerdote que afirma ser capaz de realizar milagres. Então para
mostrar essa capacidade ele decide curar um paraplégico e, de fato, a pessoa
levanta-se da cadeira de rodas e sai do local andando. Oras, antes de afirmar
que ocorreu um milagre é necessário que a ciência comprove que essa pessoa era
um deficiente e que realmente não possuía outra forma de recuperar o movimento
das pernas a não ser que fosse por um milagre.
Na maior parte dos casos esses acontecimentos
não passam de uma fraude. Portanto, cabe a cada um estabelecer o seu senso
crítico e não se deixar enganar facilmente por essas incontáveis Igrejas que se
autodenominam portadoras da verdade e da palavra de Cristo. A ciência nesses
casos deve ser compreendida como uma de muitas ferramentas para que cada
cidadão se considere livre para crer ou não em milagres.