Nos séculos próximos ao
nascimento de Jesus – tanto anteriores quanto posteriores – o messianismo judaico
esteve em plena efervescência. A história constata que alguns homens naquela
época se diziam o Messias judaico.
De fato, o movimento messiânico
tinha na região do oriente médio um campo fértil para se solidificar. Doenças,
pobreza, martírios, submissão ao Império Romano e muitos outros fatores podem
explicar esse fenômeno religioso. Mas, existe uma explicação comum a todos. É a
fé. A crença de um povo sofrido que acredita, fielmente, na existência de um
salvador e de que esse está no mundo para libertar e salvar seus seguidores.
Os judeus acreditavam que um
líder, descendente do rei Davi, chegaria e os guiaria ante a imponência do
Império Romano, que os governava na época. Alguns homens eram tidos como profetas,
como João Batista, outros se auto denominaram Messias, mas, apenas um, Jesus,
conseguiu um discipulado capaz de ultrapassar as fronteiras físicas e
espirituais dos judeus.
Porém, nem todos creram nele e
as ideias messiânicas continuaram a vigorar nesses dois mil anos depois de
Cristo. Um exemplo claro é a crença dos portugueses na volta de Dom Sebastião. O
rei foi morto na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578. A partir dessa data
Portugal passa a ser governado pela Coroa espanhola. Muitos portugueses, no
entanto, acreditavam (e alguns ainda hoje acreditam) que o rei Dom Sebastião
retornaria e faria de Portugal uma grande nação.
Como era perceptível, Dom Sebastião
não voltou, entretanto, as lendas e mitos sobre ele ultrapassaram o oceano e
vieram para o Brasil. No século XIX os progressos da Revolução Industrial
chegaram ao nosso país, principalmente no sudeste e nas regiões litorâneas. Já o
sertão não recebeu esses avanços. A vida de um sertanejo era muito difícil. Sol
forte, temperaturas elevadas, pobreza, fome, seca, doenças, enfim, uma situação
desoladora. Mistura-se a tudo isso uma fé inabalável. Estava pronto o cenário
para surgir mais um Messias ou profeta. A população miserável do nordeste
passou a seguir Antônio Conselheiro considerando-o um homem santo, que
realizava milagres e fazia benfeitorias. O resultado não podia ser pior: a
Guerra de Canudos. Milhares de brasileiros, em sua grande maioria discípulos miseráveis
de Conselheiro, foram mortos e dizimados. Uma verdadeira tragédia, com ares de
Antiguidade em pleno século XIX.
Mas o messianismo não cessou e
novos casos foram relatados no mundo afora. Exemplos aos montes podem ser
citados, como o caso de Jim Jones e seus seguidores na seita Templo dos Povos.
Eles realizaram, entre si, o maior suicídio coletivo da história, com mais de
900 mortos. Com certeza, muitos outros casos de messianismo surgiram no mundo. Mas,
em todos eles é preciso uma análise cuidadosa sobre quem é, de fato, o líder,
suas faculdades mentais e suas opiniões sobre a atualidade.