O cristianismo e a magia, em um
primeiro momento, parecem não se misturar. De fato, a maioria das instituições
cristãs – incluindo aí a Igreja Católica e as evangélicas – não reconhece a
magia como uma via para se chegar a Jesus ou louvar a Deus.
Mas a história aponta para uma
tênue linha de divisão entre a crença cristã e a prática mágica. É assim desde
a passagem de Cristo pela Terra. A Bíblia, aliás, conta que em seu nascimento
Jesus recebeu a visita de três reis magos, cada um entregando um presente para
o rei dos judeus.
Séculos depois na Idade Média
a Ordem dos Templários, tipicamente cristã, parece ter utilizado muitos
conhecimentos ocultos em seus rituais e rotinas. Diz-se que a Ordem descobriu
uma série de segredos sob as ruínas do velho e destruído templo de Jerusalém. A
cabala e o hermetismo dos antigos sábios judeus poderiam ser alguns desses
segredos.
A Ordem do Templo, porém, foi
caçada e logo seus milhares de membros foram presos, mortos ou – aqueles que
sobreviveram – decidiram fugir para locais mais seguros e distantes da
Inquisição.
Entretanto o conhecimento
hermético não desapareceu, ele se manifestou novamente com os rosa-cruzes do
século XVII e, já no século XVIII, uma importante corrente cristã surgiu na
Europa. Baseado nos ensinamentos de Martinès de Pasqually, mestre maçom do rito
dos Elus Cohen, e nos escritos de Jacob Boheme, Louis Claude de Saint-Martin
inicia uma nova doutrina mística e filosófica: o martinismo.
Entre outras definições, o
martinismo consistiu em interiorizar os rituais praticados pelos Elus Cohen.
Além disso, Saint-Martin deixou de utilizar a maçonaria e seus rituais como
forma de entrar em contato com a divindade e com os seres invisíveis. Para se
iniciar no martinismo bastava ser um homem, ou mulher, que tivesse vontade de
se reintegrar com o divino.
Algumas décadas após a morte
de Louis Claude de Saint-Martin, já no século XIX, o martinismo passou por uma
reformulação. A ele foram incorporados alguns elementos maçônicos, como a
iniciação em 3 graus e a estrutura de uma Ordem iniciática. Um dos grandes
responsáveis por essas mudanças foi o místico Papus, que também foi um dos
nomes que estruturou a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz.
A partir daí apareceram
inúmeras Ordens martinistas. Isso é um dado relevante, pois permite que
cristãos interessados em ocultismo, magia, teurgia e esoterismo em geral,
possam ingressar em uma Ordem que visa acima de tudo fazer o bem. O martinismo
é praticado através de muita oração e de uma estrutura moral impecável – que é
conquistada com o tempo e com muito esforço. Ou seja, é uma alternativa cristã
em um universo enorme composto por Ordens de magia negra, thelemistas – que
seguem a doutrina de Aleister Crowley – Wicca, entre outras.
O martinismo tem uma
preocupação muito forte com a cura de pessoas e almas doentes, tanto física
quanto moral e espiritualmente. Uma vez dentro da Ordem é necessário esquecer
que terá algum status ou fama com isso. Lá se trabalha com o silêncio e seu
mais alto grau é o de Superior Incógnito, ou seja, superior desconhecido.
Portanto, para se tornar um
martinista é preciso muita vontade e, ao mesmo tempo, um controle efetivo sobre
o orgulho. Pois esse não é um caminho para quem busca um reconhecimento mundano
e, com ele, galgar posições sociais. Mas sim para quem quer se doar, mesmo
tendo a certeza de que será desconhecido, e praticar o bem, ainda que com o
tempo tudo que fizer caia no esquecimento.
Para quem se interessa há os
sites Hermanubis e Sociedade das Ciências Antigas. Eles contêm muito material
sobre o martinismo. Vale a pena conhecê-los.
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