Hoje completam 25 anos da morte de Raul
Seixas. O roqueiro é conhecido como o maluco beleza, aquele cara que é louco,
mas que não machuca ou agride ninguém, o que é uma visão um tanto quanto
simplista sobre quem foi esse artista.
Raul nasceu na Bahia, desde criança
escutou rock, porém não esqueceu de suas raízes na cultura nordestina e era um
grande fã de Luis Gonzaga, assim como de Elvis Presley. O tempo passou e a
criança que gostava de rock fundou um grupo que futuramente viria a ser chamado
de Raulzito e os Panteras. Essa banda acompanhou Jerry Adriani em sua turnê
pelo nordeste e logo após Raul se muda para o Rio de Janeiro onde começou o trabalho
como produtor da CBS. Até que um dia ele decide conhecer um jornalista que
escrevia numa revista sobre disco voadores e outras loucuras místicas. O nome
desse jornalista era Paulo Coelho e esse encontro marcaria profundamente, não
só a vida dos dois, mas também a da música brasileira e, o que mais nos interessa
aqui nesse blog, o universo místico e esotérico do Brasil.
Paulo Coelho apresentou a Raul as ideias
daquele que foi o mais importante mago do século XX, Aleister Crowley. A partir
de então uma sequência de músicas sobre Thelema foram feitas pela dupla. E
mais, Marcelo Mota, o responsável por trazer ao Brasil a obra de Crowley, tornou-se
um parceiro de Raul e Paulo Coelho e, com eles, escreveu músicas antológicas do
rock brasileiro. Obras primas, como A Maçã e Tente Outra Vez são o resultado
dessa parceria.
Algum tempo depois, ainda nos anos 70, houve
uma tentativa de fazer no Brasil a Sociedade Alternativa, uma comunidade
anárquica com total influência dos ideais de Crowley. É óbvio que os militares,
que governavam o país na época, não aceitaram essa sociedade e a ideia se
perdeu.
A parceria entre Raul e Paulo deixaria
de existir ainda na década de 70. Mas em suas canções Raul nunca se desvinculou
do universo místico e esotérico. Em seu último disco, por exemplo, há uma
música chamada Nuit, que pode tanto significar noite, em francês, como ser também
o nome da deusa dos céus egípcia, que por sinal é a principal oradora da primeira
parte do livro da lei de Aleister Crowley e tem uma grande importância para a
Thelema.
Outra música que merece ser mencionada
chama-se Água Viva, do disco Gita. Ela faz um relato de que pela noite corre
uma fonte de água que dá vida a todas as criaturas. Essa música foi inspirada
na obra do poeta e místico espanhol, São Juan de La Cruz, mais precisamente no
poema A Noite Escura da Alma. Essa poesia, escrita em 1578 ou 1579, narra a
jornada da alma na noite escura até encontrar a fonte de toda luz, que é Deus.
Para finalizar, parece até lugar comum
falar que a obra de Raul é imensa. Seus últimos dias de vida e sua morte,
porém, são tristes. Raul tinha um carisma e uma profundidade mística em seu
trabalho que fizeram dele quase que uma figura de um profeta. Um santo que é
seguido por multidões. Claro que o cantor não era nada disso, mas hoje, após 25
anos de sua morte, ainda é difícil aceitar a perda de um artista tão rico em
simbologia, sarcasmo, poesia. Enfim, tantos outros atributos que, com certeza,
o fazem ser o maior expoente do rock n`roll no Brasil.
Viva Raul!
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