É
com grande preocupação e alarme que vejo as notícias sobre o oriente médio nesses
últimos meses. A região já há algumas décadas tem se mostrado instável. Aliás,
se for feita uma análise, mesmo que superficial, se perceberá que aquela área
sempre foi palco para diversas guerras e conflitos. Nesses últimos anos, porém,
entrou em atividade um grupo terrorista que impressiona pela crueldade e
radicalismo. Trata-se do Estado
Islâmico.
Esse
grupo se originou no Iraque, no vácuo de poder deixado por Saddam Hussein e
pela incompetência norte-americana de gerir os territórios conquistados através
de guerras na região. Haja vista o que aconteceu no Afeganistão, que ainda não
se recuperou da Guerra ao Terror e sofre com os constantes ataques terroristas
detonados pelo Taleban e Al Qaeda. Mas, voltando ao Estado Islâmico, pode-se
dizer que ele adquiriu grande poder após a Guerra do Iraque. Soma-se a isso
outra ação diplomática equivocada dos Estados Unidos, a de apoiar a guerra
civil na Síria. Esse conflito foi determinante para o crescimento do Estado
Islâmico.
Aos
poucos esse grupo conquistou diversos territórios na Síria e de lá se espalhou
pelo Islã, principalmente pelos países da primavera árabe. De origem sunita o
Estado Islâmico se propõe a ser um califado com autoridade sobre todos os
países muçulmanos. Seus atos mais sangrentos são o de sequestrar estrangeiros e
degolá-los na frente de uma câmera de TV. Recentemente, eles abriram fogo em um
museu de Túnis, na Tunísia, e mataram oito pessoas. Na Líbia, degolaram um
grupo de cristãos coptas que moravam no Egito. Outro ataque que merece destaque
é a destruição de peças antigas em museus do Iraque e da Síria. Centenas de
artefatos foram roubados e vendidos no mercado negro, outras dezenas de
esculturas da antiguidade foram destruídas.
Brigada cristã no Iraque (Foto: AFP Photo/Safin Hamed) |
Para
combater o Estado Islâmico formou-se no Iraque, na cidade de Nínive, a primeira
brigada cristã do oriente médio. Trata-se de 600 voluntários que receberam
treinamento militar e se dispuseram a reconquistar cidades cristãs ocupadas
pelo grupo terrorista. Isso, num primeiro momento, pode ser visto com otimismo.
Mas, se tratando o Oriente Médio, todo receio é pouco. A formação de exércitos
de acordo com uma religião é um retrocesso. Voltamos à Idade Média. Pensar em
novas cruzadas contra o inimigo muçulmano é perigoso já que, como acontece
frequentemente, a guerra religiosa resulta em mais ódio e daí para o aumento do
terrorismo é apenas um passo.
Ainda
assim, concordo que os cristãos não podem permanecer desprotegidos. Pois corre-se
o risco de serem totalmente eliminados da região. Ou seja, eles não podem
depender somente da vontade dos governantes de lutar contra o inimigo
terrorista. Agir passivamente pode representar um suicídio. Por outro lado, no futuro, podem-se
transformar em um novo grupo sectário e separatista, aumentando ainda mais a
instabilidade na região.
A
solução para esse conflito está longe de ser visualizada. Intervenções
militares, por países ocidentais, não se revelaram eficientes, já que essas
nações já provaram desconhecer o território e a cabeça dos jihadistas. Além
disso, há sempre o risco de serem retaliadas em seus próprios territórios por
ataques terroristas. Para conseguir amenizar a situação nesses países do
Oriente Médio a democracia revelou-se ineficaz. Parece que a melhor maneira é a
subida ao poder de um governo forte o suficiente para ser repressor contra
terroristas e, ao mesmo tempo, presente no coração dos cidadãos. E isso,
infelizmente, ainda está longe de acontecer.
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