Práticas
para a meditação, reza, contemplação e oração. Passos importantes para alcançar
e conquistar a realização espiritual.
A espiritualidade é um
dos mais importantes fundamentos para um caminho de paz, felicidade e contentamento
profundo. Muitos a buscam. Poucos a encontram. Isso porque ela está intimamente
ligada a uma profunda felicidade e isso não é obtido nem com dinheiro nem com
qualquer objeto físico.
Existem muitos caminhos
para alcançar a espiritualidade. Seguir essas rotas, no entanto, é um desafio.
As pessoas encontram muitas barreiras que as impedem de evoluir espiritualmente
e as deixam apegadas ao que é material: o dinheiro, um novo modelo de carro,
uma droga viciante, prazeres carnais, enfim, perigosos deleites que fazem muita
gente se perder da via evolutiva.
É natural se divertir,
sorrir e ser feliz com a prosperidade. Isso é até recomendado para quem quer
ter uma vida saudável. Ser espiritualmente elevado, porém, independe da
condição financeira. É algo muito mais profundo e varia de pessoa para pessoa.
Um estudo dessas
condições já foi feito por muitos que têm na espiritualidade seu objetivo de
vida, como monges, freiras e sacerdotes de diferentes cultos e religiões. O que
se aprendeu foi a prática de quatro atividades que se assemelham e confundem-se
uma com as outras. São elas: oração, reza, contemplação e meditação.
Na realidade, essas
quatro palavras são muito subjetivas, o que faz com que cada uma represente
diversos atos que o ser humano pode realizar quando deseja “conversar” com Deus
ou ficar em paz consigo mesmo.
Essas ações exigem
esforço e dedicação de quem as realiza. Por isso, é importante reservar um
determinado tempo para praticá-las. Além, é claro, de escolher um local
especial, que fique longe de tumultos e confusões, para que a mente e o
espírito possam fluir livremente sem as amarras do mundo material.
Reza
Diversos povos, em
diferentes países, utilizam ou já utilizaram a prática de rezar como algo
arraigado em suas culturas. Aqueles que acreditam em um ou mais deuses sentem a
necessidade de se comunicar com eles e a forma mais básica de fazer isso é
rezando.
Essa prática varia de
religião para religião e de Deus para Deus (no caso de politeísmo). No
Islamismo, por exemplo, o fiel deve se voltar para Meca e rezar apenas em
locais limpos. No Judaísmo, é obrigatório o uso do solidéu ou quipá. E no
Catolicismo utiliza-se o sinal da cruz para iniciar e terminar uma oração.
É muito comum, também,
rezar para se comunicar com os espíritos, no geral de familiares já mortos.
Quem utiliza essa prática, normalmente, são as religiões ou seitas espíritas,
como o Kardecismo e as religiões de origem africana. Mas, também no Catolicismo
há uma data especial para lembrar os mortos, o dia de finados, que acontece em
2 de novembro.
Existe uma polêmica
quanto aos verbos rezar e orar. Pelas definições dos dicionários um dos
significados de rezar é: realizar orações. Essas palavras são sinônimas, porém,
para os protestantes (evangélicos) não representam a mesma coisa. Para eles,
rezar é apenas repetir uma oração já pronta, como, por exemplo, a Ave Maria.
Não há valor nisso, ao contrário de orar que, segundo eles, é uma forma de se
louvar a Deus. Já para os católicos rezar é entendido num sentido mais amplo e
genérico e a oração é uma forma de se rezar, que pode ser através da
contemplação, da oração mental, da meditação, entre outras.
Oração
A oração é uma prática
fundamental para quem deseja elevar a espiritualidade. Através dela, o ser
humano comunga com Deus, purifica e alimenta sua alma. Mas, para conseguir
esses e outros benefícios não basta ler ou entoar friamente versos prontos ou
criados na hora. Para orar é preciso atenção. É importante não se distrair ou
deixar a mente vagar. Quando se atinge o estado de concentração necessário o
próprio coração se regozija.
Engana-se, no entanto,
quem imagina que a oração é feita somente de arrependimento, contrição e
súplicas. Também é válido realizar louvores, bendições, adorações,
agradecimentos e deixar de lado qualquer sentimento que machuca a alma.
Dentro da tradição
judaico-cristã, para uma boa oração é preciso aprender a conversar com Deus,
falar das necessidades, erros, dificuldades; pedir para que emoções e
pensamentos sejam purificados; suplicar por virtudes, iluminação, compreensão
dos defeitos; expressar gratidão, etc.
Há obstáculos, porém,
para quem está começando a orar. Para ultrapassá-los é necessário conhecê-los.
Saiba planejar o tempo para a oração
O primeiro deles é
querer iniciar com orações que durem longos períodos de tempo. São muitas as
chances de dar errado. Principalmente porque quando não se tem o hábito de orar
o passar do tempo implica em dispersão do pensamento. Por isso, o início deve
ser feito de forma gradativa. Primeiro, quinze minutos. Depois, pode-se
aumentar o tempo para meia hora e, conforme o desenvolvimento, praticar a
oração pelo tempo desejado para usufruí-la ao máximo.
A preguiça, a falta de
uma posição confortável e um local inadequado são obstáculos fáceis de superar,
ao contrário das faltas de: costume, interesse, vontade, satisfação e
contentamento; que são barreiras fortes e comuns. Ter expectativas fantasiosas
também é prejudicial, pois, apesar da prática espiritual dar resultados – e ela
sempre os dá – se eles não forem o imaginado, um sentimento de frustração pode
pesar contra ela.
Preparo e concentração
Se preparar
adequadamente durante o dia é fundamental. É necessário aprender a relaxar e se
concentrar. Sem isso a prática de orar se torna nula. Entre as diferentes
formas de desenvolver a concentração, a oração incessante é uma das mais
eficazes. Ela é um método que, aos poucos, proporciona tranquilidade, paz de
espírito, felicidade, satisfação e contentamento. Essa prática consiste em
escolher uma palavra, frase ou oração (inspirada nas Sagradas Escrituras) e
repeti-la constantemente, como, por exemplo, é feito ao se rezar o terço. A
conquista de resultados depende diretamente da persistência e frequência com
que se pratica a oração incessante.
Outra forma de se rezar
é fazer a oração mental. Trata-se de direcionar a mente para estar apenas com
Deus, sem buscar as coisas do mundo. Através desse método uma oração como o Pai
Nosso, por exemplo, pode durar cerca de uma hora. Pois, cada palavra que a
compõe é refletida, meditada e sentida profundamente.
Os graus de
oração
Santa Teresa de Ávila
dividiu as orações em quatro graus:
1° grau – No primeiro, há muito esforço e sofrimento para
se manter em oração. Pois, as emoções estão reprimidas e ainda se está preso
aos estímulos externos. Há um esforço mental desgastante e cansativo. A alma
está distante de Deus. Afastar-se dos desejos mundanos é muito difícil para a
maioria das pessoas, mas é preciso ter paciência e persistir. Nenhum esforço é inútil.
Nesse grau inicia-se a
tentativa de falar com Deus sem orações formais, mas com o coração. As palavras
correspondem ao que se sente no íntimo, conforme as necessidades, aflições,
inquietudes e outras sensações. Esse começo de caminho culminará no amor
divino.
2° grau – Esse grau pode ser chamado de oração de quietude.
Nele, se deseja solidão, silêncio e recolhimento. Surge uma grande fome e sede
de Deus. Suas principais características são a paz, a felicidade, a satisfação
e um silêncio cheio de contentamento. Nesse estágio, a mente ainda é instável e
pode-se sair do estado de oração facilmente, basta um movimento de pensamento,
memória ou imaginação.
Esse estágio de prática
de oração se assemelha a algumas técnicas de meditação oriental.
3° grau – Nesse grau a quietude da alma fica muito mais
forte. O pensamento, a memória e a imaginação ficam suspensas. Pode ser que um
medo de deixar a mente nesse estado atrapalhe a oração. Mas quando ele é
atingido não há mais distrações. A suavidade, a paz, a felicidade e o
contentamento são muito maiores do que no grau anterior.
É semelhante a um estado
meditativo profundo.
4° grau – Esse é um grau de uma união mais estável com
Deus. Todo o arrebatamento, as sensações de bem estar e felicidade são muito maiores
nesse nível. A mente entra num transe extático. Talvez esse estágio se
assemelhe ao samadhi hindu ou nirvana budista.
Passar de um grau a
outro pode demorar, por isso é preciso ter paciência. Mas, conforme se atinge
os graus superiores, é importante não se esquecer da humildade e das virtudes
que se desenvolvem com a prática da oração. De nada vale atingir um êxtase de
espírito, se as ações que realizar não condizerem com suas práticas
espirituais.
Contemplação
Contemplar pode ser
definido como observar. Mas não é apenas olhar. Para contemplar é preciso mais.
É necessário que a mente e o coração se tomem daquilo que está sendo observado,
até não haver mais nada ao redor que atrapalhe esse processo. Pode-se entender
a contemplação como um dos diferentes tipos de oração. Pois, quando se está
contemplando uma imagem, seja ela da natureza ou construída pelo homem, uma
sensação agradável, que remete a Deus é sentida.
Não são apenas os espiritualistas
cristãos, budistas, taoístas e hindus que utilizam a contemplação. Ela pode ser
encontrada nos exercícios que os cabalistas judeus usam para meditar. Na
Cabala, uma das formas de entrar em contato com a divindade é escanear com os
olhos os 72 nomes de Deus. Geralmente, escolhe-se um desses nomes e passa-se um
determinado tempo observando-o.
Mas não é fácil se
entregar à prática de contemplar. Para isso, é preciso muita concentração. O
pensamento pode voar enquanto se está olhando para uma imagem, principalmente
se ela for estática. A contemplação requer que não só a vista fique centrada na
imagem, mas, também, o pensamento. É comum que distrações aconteçam, porém, com
o tempo, aprende-se a ter concentração.
Meditação
A meditação não foi
exclusividade de um único povo. Diversas civilizações possuíam uma, ou mais,
técnicas para refletir e se voltar ao centro de si mesmo (essa, aliás, é a
definição em latim da palavra meditare). Assim, hindus, budistas, maias,
incas, hebreus e muitos outros povos já utilizavam a meditação. E, hoje, essa
prática está presente em praticamente todas as nações.
São muitas as formas de
meditar. Talvez, uma das técnicas mais comuns seja a de focar o pensamento em
um único ponto, objeto ou ação, como a respiração, por exemplo. Mas essa não é
a única.
Entre os chineses existe
uma técnica (que pode ser considerada também como arte marcial) chamada de Tai
Chi Chuan. Trata-se de executar, lentamente, movimentos inspirados na natureza.
Os benefícios dessa técnica são tantos que, hoje em dia, ela é amplamente
difundida nos países ocidentais. Pode-se dizer que o Tai Chi Chuan é uma
meditação em movimento.
Outra técnica muito
eficiente é um exercício chamado de Pilar do Meio. Trata-se da visualização de
um pilar luminoso que desce do céu e passa pelo meio do corpo, atingindo os principais
chacras, enquanto se entoa os nomes de Deus em hebraico. Essa prática ficou
conhecida pois era uma das formas de adquirir energia para realizações de
rituais da Ordem mística Golden Dawn.
Comece a
praticar
Os significados de orar,
rezar, contemplar e meditar estão enraizados um no outro. As semelhanças são
enormes. Pode-se rezar orando, contemplando ou meditando. Assim como se pode
meditar através da contemplação e oração, ou orar por meio da contemplação.
As quatro técnicas são
importantes para o ser humano. Por isso, são essenciais a todos que desejam
aproximar-se da divindade. Entretanto, não basta fechar-se numa redoma e
imaginar que realizando cada uma das quatro ações já se está evoluído. Para que
isso aconteça é necessário desenvolver as virtudes no convívio com a sociedade
e praticar ações coerentes com os princípios do bem, de si próprio e do
próximo.
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