A semana santa de 2014 já
passou. Mas qual foi seu significado para a maioria dos brasileiros? Será que o
espírito da Páscoa tocou o coração das pessoas? Ou será que em ano de Copa –
ainda mais sendo em nosso país – o mais importante foi o ufanismo ou o
conservadorismo ante a esquerda no poder?
As respostas para essas
perguntas podem ser as mais variadas. Mas a sensação que fica, a cada ano que
passa, é que a espiritualidade perdeu espaço no coração das pessoas. O
materialismo está cercando mais e mais a vida da população, principalmente de
quem mora nas grandes cidades.
Por favor, não pensem que não
gosto de chocolates ou de receber presentes. Todos gostam, uns mais outros
menos. O problema é o esvaziamento simbólico do significado da páscoa. A data
se tornou o período por excelência da venda de chocolates, e somente isso. Poucas
pessoas, famílias, comunidades ou nações se lembram de que a Páscoa possui um
significado espiritual muito íntimo.
A Páscoa é passagem. Ela simboliza
a transformação. Para os cristãos é a mudança de um Jesus humano, morto na cruz, em Cristo, o Messias divino e ressuscitado. Para os judeus é a libertação de
todo seu povo da escravidão no Egito. Ou seja, uma passagem de um estado de
escravos para o de homens livres.
Pode parecer pouco, e até
simples, mas tais significados são muito profundos para a espiritualidade. Isso
é perceptível entre os alquimistas medievais e sua pedra filosofal, que seria
capaz de transformar o chumbo em ouro ou, sendo mais claro, transmutar nosso
ser bruto e materialista em um novo ser, lapidado, com a centelha divina acesa
no coração.
Obviamente, não prego o pleno
desapego da materialidade. Só um ermitão conseguiria isso e essa não é uma
opção mais adequada para nós humanos que devemos fazer o bem às outras pessoas.
A caridade é, por isso, um importante instrumento para auxiliar a busca
espiritual. Os desejos materiais, portanto, precisam ser lapidados e dosados
para que não se sobreponham à espiritualidade e ao simbolismo de datas tão
importantes quanto a Páscoa.
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