quarta-feira, 12 de março de 2014

Os Cátaros


A História, infelizmente, está marcada por genocídios que, se não exterminaram, causaram grandes perdas humanas, religiosas e culturais. Comunidades inteiras tiveram seu fim de forma trágica. Cruelmente, homens, mulheres e crianças foram assassinados. Não se trata apenas de fatos isolados, mas sim de eventos cíclicos que insistem em atormentar os homens.

Com os cátaros não foi diferente. Embora cristãos fervorosos, foram dizimados em uma cruzada direcionada contra eles. Isso porque não partilhavam de algumas práticas e dogmas pertencentes à religião católica.  
Região do Languedoc na França

Os cátaros surgiram na região do Languedoc, no sul da França, que era a sociedade mais avançada da Europa cristã, durante a Idade Média. Lá, o comércio com as cidades espanholas, incluindo as das regiões dominadas pelos mouros, fluía livremente e o contato entre diferentes culturas, como a islâmica, a cristã e a judaica, era uma realidade. Os nobres eram letrados e o fanatismo religioso não era uma prática comum.

A corrupção do clero católico, porém, contrastava com essa iluminada sociedade. O comportamento clerical foi uma vergonha para a Sé Católica e uma decepção para as famílias de nobres que fizeram doações de terras, dinheiro ou outros bens à Igreja. Não à toa o anticlericalismo foi uma consequência direta das atitudes de padres e bispos.

Nesse contexto surgiu a heresia que ficou conhecida como catarismo. Os cátaros eram denominados puros ou perfeitos e seus membros podiam ser tanto homens como mulheres. Eles andavam sempre em duplas – o que serviu de argumento para serem acusados de sodomia – pregavam aos campesinos e fazendeiros e partilhavam do trabalho, alimentação e orações. Eles incentivavam o modo de vida simples e humilde, assim como viveu Jesus Cristo. O comportamento deles se assemelhava muito ao dos cristãos dos primeiros séculos de nossa Era. Ainda mais com a mulher tendo a mesma importância que o homem, assim como era no cristianismo primitivo.

A visão de mundo dos cátaros, no entanto, incomodou a Igreja. Pela doutrina cátara a cruz não era um objeto que simbolizava Jesus, pois foi nele que se deu seu sofrimento e morte. O batismo e a presença na missa aos domingos também não eram necessários para a vida espiritual. A salvação, no entanto, estava no dia-a-dia aplicando na sociedade as virtudes como caridade, humildade e a prática de servir ao próximo.

Outra heresia praticada pelos cátaros era a de crer em dois Deuses. Um era o Deus mal, que criou o mundo e toda matéria presente no universo. O outro era um Deus bom, responsável por tudo quanto era espiritual. A missão do homem, segundo o catarismo, era transcender a matéria, renunciar a tudo de mal e aderir ao Amor, sentimento que ligava ao Deus bom.

Esse pensamento foi partilhado, também, no começo da Era Cristã, por uma seita da Armênia conhecida como Paulicianos. Essa seita foi tida como uma ameaça pelo Império Bizantino que os expulsou daquela região. Foram enviados para a Trácia, no norte da Grécia. De lá, suas ideias chegaram na Bulgária. Nesse local, um padre de sobrenome Bogomilo, fundou uma Igreja com as ideias dualistas trazidas pelos paulicianos. Eles rejeitavam o Antigo Testamento, o batismo, a eucaristia, a cruz, os sacramentos e toda estrutura da Igreja Católica. Supõe-se que as ideias cátaras foram, em grande parte, influenciadas pela seita dos Bogomilos.  

Ilustração da Cruzada Albigense
O fim dos cátaros se deu quando o Papa Inocêncio III decidiu empreender uma Cruzada, contra essa heresia, na cidade de Albi. Daí o nome de como ficou conhecido esse conflito, Cruzada Albigense. Ao todo foram mais de trinta anos de batalhas, começando em 1209 e terminando em 1244. Os cátaros foram dizimados. Homens, mulheres e crianças, todos se depararam com a fúria e força dos cruzados.

Foi um triste fim, mostrou a todos como pode ser incerto o futuro daqueles que não simpatizam com uma potência armada. Alia-se a isso o fanatismo religioso e a cobiça por terras e poder. Infelizmente esse não foi um caso único na história. Mas com certeza ainda pode ajudar, pelo menos como um ponto a ser refletido, para que não mais ocorram genocídios como esses. 



segunda-feira, 3 de março de 2014

Missa solene em homenagem aos 700 anos da morte de Jacques de Molay

No dia 18 de março de 2014, às 11 horas, será realizada na Igreja da Irmandade da Santa Cruz dos Militares, no Rio de Janeiro, uma Missa solene em homenagem aos 700 anos da morte de Jacques De Molay.

Jacques De Molay
Grão-mestre da Ordem dos Templários, De Molay faleceu no dia 18 de março de 1314, queimado na fogueira da Inquisição, em Paris. Ele foi julgado como herege reincidente, já que teria retirado sua confissão – feita através de tortura – dos crimes imputados à Ordem. Na época, muitos templários foram presos e acusados de homossexualismo, heresia, idolatria, culto ao demônio, entre outros crimes. Fatos esses que não se comprovaram.

Em 2008, o vaticano lançou uma publicação chamada Processus contra Templários. Nela, a Igreja Católica admite a inocência da Ordem e confirma a manipulação do julgamento feita por Filipe IV, então rei da França.

A Missa, solicitada pelo Priorado do Rio de Janeiro, da OSMTH – Porto – PT, principal entidade templária existente hoje no mundo, será um evento tanto para os integrantes do Priorado quanto para os simpatizantes do Templarismo Cristão.