segunda-feira, 23 de março de 2015

Jihad

É com grande preocupação e alarme que vejo as notícias sobre o oriente médio nesses últimos meses. A região já há algumas décadas tem se mostrado instável. Aliás, se for feita uma análise, mesmo que superficial, se perceberá que aquela área sempre foi palco para diversas guerras e conflitos. Nesses últimos anos, porém, entrou em atividade um grupo terrorista que impressiona pela crueldade e radicalismo.  Trata-se do Estado Islâmico.

Esse grupo se originou no Iraque, no vácuo de poder deixado por Saddam Hussein e pela incompetência norte-americana de gerir os territórios conquistados através de guerras na região. Haja vista o que aconteceu no Afeganistão, que ainda não se recuperou da Guerra ao Terror e sofre com os constantes ataques terroristas detonados pelo Taleban e Al Qaeda. Mas, voltando ao Estado Islâmico, pode-se dizer que ele adquiriu grande poder após a Guerra do Iraque. Soma-se a isso outra ação diplomática equivocada dos Estados Unidos, a de apoiar a guerra civil na Síria. Esse conflito foi determinante para o crescimento do Estado Islâmico.

Aos poucos esse grupo conquistou diversos territórios na Síria e de lá se espalhou pelo Islã, principalmente pelos países da primavera árabe. De origem sunita o Estado Islâmico se propõe a ser um califado com autoridade sobre todos os países muçulmanos. Seus atos mais sangrentos são o de sequestrar estrangeiros e degolá-los na frente de uma câmera de TV. Recentemente, eles abriram fogo em um museu de Túnis, na Tunísia, e mataram oito pessoas. Na Líbia, degolaram um grupo de cristãos coptas que moravam no Egito. Outro ataque que merece destaque é a destruição de peças antigas em museus do Iraque e da Síria. Centenas de artefatos foram roubados e vendidos no mercado negro, outras dezenas de esculturas da antiguidade foram destruídas.

Brigada cristã no Iraque (Foto: AFP Photo/Safin Hamed)
Para combater o Estado Islâmico formou-se no Iraque, na cidade de Nínive, a primeira brigada cristã do oriente médio. Trata-se de 600 voluntários que receberam treinamento militar e se dispuseram a reconquistar cidades cristãs ocupadas pelo grupo terrorista. Isso, num primeiro momento, pode ser visto com otimismo. Mas, se tratando o Oriente Médio, todo receio é pouco. A formação de exércitos de acordo com uma religião é um retrocesso. Voltamos à Idade Média. Pensar em novas cruzadas contra o inimigo muçulmano é perigoso já que, como acontece frequentemente, a guerra religiosa resulta em mais ódio e daí para o aumento do terrorismo é apenas um passo.

Ainda assim, concordo que os cristãos não podem permanecer desprotegidos. Pois corre-se o risco de serem totalmente eliminados da região. Ou seja, eles não podem depender somente da vontade dos governantes de lutar contra o inimigo terrorista. Agir passivamente pode representar um suicídio.  Por outro lado, no futuro, podem-se transformar em um novo grupo sectário e separatista, aumentando ainda mais a instabilidade na região.

A solução para esse conflito está longe de ser visualizada. Intervenções militares, por países ocidentais, não se revelaram eficientes, já que essas nações já provaram desconhecer o território e a cabeça dos jihadistas. Além disso, há sempre o risco de serem retaliadas em seus próprios territórios por ataques terroristas. Para conseguir amenizar a situação nesses países do Oriente Médio a democracia revelou-se ineficaz. Parece que a melhor maneira é a subida ao poder de um governo forte o suficiente para ser repressor contra terroristas e, ao mesmo tempo, presente no coração dos cidadãos. E isso, infelizmente, ainda está longe de acontecer.

domingo, 1 de março de 2015

Março, a Mulher e a Wicca

Março é o mês das mulheres. Mais precisamente no dia 8 quando é comemorado o dia internacional da mulher. Essa data lembra a importância da presença feminina na sociedade e de quão necessário é protegê-la do machismo, violência e preconceitos de gênero, ainda muito comuns, mesmo nesse novo século.

As mulheres aos poucos estão conquistando um espaço que era exclusivo dos homens. Hoje elas estão na direção de grandes empresas e nações, e adquiriram hábitos que até pouco tempo eram praticados somente por homens. Isso ocorre no mercado de trabalho, nos esportes, no meio social, enfim, ainda que lentamente, uma nova sociedade se forma.

No universo esotérico, entretanto, as mulheres sempre estiveram em uma posição de destaque. Basta observar os Mistérios de Eleusis, cidade grega que adorava as deusas Deméter e Perséfone. Ambas relacionadas às colheitas. Ao que parece, seu culto teria se iniciado no Egito e depois levado à Grécia. Os ritos dedicados a essas deusas teriam sido os mais importantes da antiguidade ocidental. Tanto que foram adotados pelos romanos e as deusas renomeadas para Ceres e Proserpina. Com o catolicismo, porém, a importância da mulher ficou em segundo plano. Ainda assim, a Igreja conseguiu transformar a adoração de deusas no culto a Maria, a virgem, e em outras santas célebres como, por exemplo, santa Sara de Cali.  

Nos dias atuais existe uma religião chamada Wicca, na qual a mulher tem uma especial importância. No topo do panteão de seus deuses situam-se a Grande Deusa Mãe e seu filho e consorte o Deus Cornífero. A Wicca é uma manifestação contemporânea da velha religião dos celtas, um povo que habitou a Europa na antiguidade. A tradição dessa sociedade era extremamente matriarcal, daí a importância da Grande Deusa que, como uma mãe, dava a seus filhos proteção e alimentação. Não à toa ela era responsável pelas boas colheitas. Em troca seus sacerdotes – os druidas – e as sacerdotisas realizavam rituais de magia, celebração e adoração. O casamento sagrado, ou hieros gamos, também era praticado por esse povo. Esse ritual consistia numa relação sexual em que um dos parceiros simbolizaria a Deusa e o outro seria o Deus. Esse assunto é tratado em dois grandes Best-sellers mundiais: As Brumas de Avalon e O Código da Vinci.      
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Voltando à Wicca, ela é, inclusive, mais antiga que o cristianismo. Segundo alguns estudos arqueológicos ela teria se iniciado ainda na pré-história. Durante a Idade Média essa religião foi duramente reprimida – milhares de pessoas morreram nas fogueiras da Inquisição acusadas de bruxaria. Com o ódio contra o feminino fomentado pela religião católica, as maiores vítimas do Tribunal do Santo Ofício foram as mulheres. Essa situação perdurou até a Idade Contemporânea, basta lembrar como exemplo o julgamento feito na cidade de Salem, nos Estados Unidos. Muitas pessoas foram enforcadas acusadas de pacto com demônios, rapto e assassinato de crianças, entre outros motivos.   

Felizmente hoje a Wicca e quaisquer outras religiões podem ser praticadas com segurança e respeito, pelo menos no mundo ocidental, já que em alguns territórios controlados pelo Estado Islâmico há uma terrível perseguição contra quem não segue o islamismo, como os cristãos da Síria e Egito, por exemplo.


Independente de qual manifestação religiosa é a mulher o mais importante é que ela seja tratada com muito respeito, carinho e amor. Pois todas as mulheres são especiais e não importa em qual posição social que se encontre – seja como mães, filhas, esposas ou amigas – elas são o motor que movimenta os homens e o mundo.