quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A Igreja Católica e a questão da mulher no sacerdócio

A Igreja Católica é uma instituição antiga que preserva e valoriza suas tradições, mesmo que isso contrarie boa parte da sociedade. Por isso, há muitas práticas realizadas ainda hoje pela Igreja que não estão atualizadas com a época em que vivemos.

Tendo como base de seu apostolado a família, suas iniciativas visam sempre mantê-la unida. O problema está na definição dessa palavra: família. Em uma sociedade em constante transformação, como a nossa, é muito difícil manter antigas tradições, costumes e leis. Isso gera um grande conflito nas posições ideológicas e religiosas das pessoas.

A Igreja Católica tende a ser uma força conservadora frente às constantes mudanças da sociedade. Logo, assume certas posturas arcaicas que, em alguns momentos, tendem a serem contras os avanços e iluminação do pensamento da humanidade. Isso é perceptível em sua posição contrária aos métodos contraceptivos, principalmente a camisinha. Essa postura é um tanto quanto discutível em qualquer país do mundo. Mas se observar o que acontece na África, com o surto de AIDS entre a população das nações de todo continente, chega a ser revoltante – para não dizer desumano – a proibição da camisinha.

Isso é apenas uma forma de ilustrar o pensamento retrógrado que a Igreja possui. Os católicos, no entanto, não são os únicos, nem os piores ou mais atrasados, que possuem um pensamento reacionário. Outras religiões, cristãs ou não, estão muito mais atrasadas às mudanças ocorrentes no mundo.   
 
É bem óbvio que se há uma força conservadora fortíssima dentro da Igreja ela tenderá manter as tradições. Com isso, o pensamento antigo e preconceituoso de que a mulher é inferior e, portanto, não pode realizar as mesmas atividades que o homem, continua a existir.

O argumento católico é de que Jesus não teve mulheres entre seus apóstolos. Mas esse pensamento não leva em conta o contexto histórico e social dos judeus na época de Cristo. E, ainda assim, não se pode esquecer de Maria Madalena, uma mulher tão próxima a Jesus que foi a primeira a vê-lo após ressuscitar. O resultado dessa argumentação na Idade Antiga e Média foi o de colocar a mulher em segundo plano na sociedade. E hoje, tanto tempo depois, não se pode quebrar uma tradição simplesmente por ela já estar consolidada em todo âmbito social.

No entanto, mesmo levando tudo isso em consideração, é possível enxergar essa questão de forma diferente. Há uma distinção biofísica do Homem para a Mulher e essa diferença moldou, desde a pré-história, atividades pertinentes a homens e a mulheres (hoje a mulher já mostrou ser capaz de realizar, com o mesmo empenho e dedicação que os homens, a maioria das tarefas masculinas, tanto as que exigem esforço físico, quanto intelectual). No geral coube ao homem as tarefas de guerrear e trazer alimentos para casa, como carnes de caça e pesca. Às mulheres coube cuidar dos filhos, da casa, da agricultura e, em algumas sociedades, da religião. Elas, em muitos casos, eram sacerdotisas e cultuavam a uma Deusa ao invés de um Deus único.

Mas enfim, desde muito tempo houve distinções do que seriam atividades atribuídas a Homens e a Mulheres. Para a Igreja Católica são os sacerdotes que devem celebrar a missa. Essa talvez seja uma herança da época de Cristo. Já as freiras servem a Deus como lhes é devido. Muitas realizam obras de caridade e de educação. Algumas ainda em vida são reconhecidas como santas pelo seu trabalho de ajuda ao próximo, como por exemplo, Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce.

Ante a esses fatos a atribuição de celebrar uma missa fica em segundo plano. Afinal um ato de caridade tem um valor imenso perante Deus, ainda mais se esse ato for a dedicação de uma vida para ajudar os pobres e miseráveis.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Rota Europeia de Cidades Templárias

Em fins de outubro de 2014 foi dada continuidade para a criação de uma Rota Europeia de Cidades Templárias. Dessa vez foi uma delegação da cidade de Tomar, de Portugal, até a cidade de Troyes, na França (local singular, já que lá, em 1129, foi formalizada a Ordem do Templo pelo Vaticano). Essa aproximação entre as regiões europeias históricas para o templarismo já vem ocorrendo há alguns meses e é um importante passo para uma rede europeia de cidades templárias.

Vamos aguardar e torcer para que futuramente possa existir um roteiro de viagens pelos locais onde houve atividade templária.  



  

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Reflexões sobre o grão de trigo, a civilização e a mitologia

Nesse mês de setembro ocorre a chegada da primavera no hemisfério sul. Mais um inverno termina e, com ele, o frio, as noites mais longas e os dias mais cinzas. A primavera representa o ressurgimento da vida. É a estação em que os vegetais se renovam após as agruras do inverno.



Espiga de trigo (falandoaosdiscipulos.blogspot.com)
O maior exemplo dessa mudança é um cereal que é cultivado já há alguns milênios: o trigo. Poucos cultivos são tão simbólicos e marcam tanto o renascimento da vida quanto o desse grão. É preciso semeá-lo, fazê-lo crescer e ceifa-lo. Esse processo pode ser visto como o nascimento, a passagem pelas etapas da vida e, por fim, a morte.

Região do Crescente Fértil (www.infoescola.com)
A cultura do trigo começou quando o homem deixou de ser nômade e passou a habitar locais fixos. A agricultura foi um fator essencial para essa nova forma de vida. E, claro, o trigo esteve presente desde os primórdios da sociedade. Ele representa a passagem do estado selvagem do homem para o de domínio da natureza. Estima-se que as plantações de trigo se iniciaram, na região do Crescente Fértil, há cerca de 6.700 anos antes de Cristo. Sua produção é uma verdadeira representação dos 4 elementos alquímicos: ele nasce na terra, é regado com água, espera-se que cresça com o ar e, por fim, utiliza-se o fogo para cozer a massa. Assim se produzia o pão, um dos principais e mais antigos alimentos que existe.

Representação de Osíris (astrologievulgarisee.wordpress.com)
O trigo logo se integrou com as religiões e mitologias das primeiras sociedades. No Egito, o trigo estava diretamente ligado ao deus Osíris, que julgava os mortos e permitia boas colheitas à população. Conforme a lenda, Osíris foi morto pelo seu irmão, o deus Seth, mas com a ajuda de sua esposa, a deusa Ísis, ele ressuscitou. Uma das formas de Osíris ser representado pelos egípcios era como uma múmia que trazia consigo, junto ao corpo, algumas espigas de trigo. Dentre as tradições desse povo, uma era de enterrar uma escultura de Osíris, feita de barro e trigo, para que a colheita fosse próspera.

A associação desse cereal com a morte – e renascimento – sempre esteve presente na história das civilizações. Ainda no Egito, é comum encontrar hieróglifos que mostravam sacerdotes jogando trigo no túmulo de Osíris. Além disso, uma das práticas da época era jogar grãos de trigo quando alguém morria para que essa pessoa pudesse ter vida eterna. Essa simbologia não era à toa. Para obter uma semente de trigo era necessário que esse grão morresse e adubasse a terra onde teria a plantação.
Colheita do trigo por escravos hebreus (pinheiroempauta.blogspot.com)

Da cultura egípcia, o cultivo desse cereal migrou com os hebreus quando eles foram libertos da escravidão. Encontra-se, na Bíblia, diversas passagens nas quais o trigo aparece. Jesus, por exemplo, utiliza a metáfora do joio e do trigo para simbolizar, respectivamente, o homem mau e o homem bom. No evangelho de João (cap.12,24) é citada uma conversa em que o Cristo diz que se o grão de trigo cair no chão e sobreviver ele ficará só. Porém, se ele morrer renderá muitos frutos. Uma alusão clara de sua morte e ressurreição. Em ambas as passagens bíblicas o trigo é visto como era no Antigo Egito: uma representação da morte e da vida após a morte.

Enfim, talvez o significado mais importante do trigo seja o de que o nosso universo é cíclico e que, para a humanidade sobreviver como espécie, é preciso que haja nascimento, reprodução e morte, para mais uma vez um ser humano nascer e o animal homem continuar a seguir seu caminho pela roda da vida. 

sábado, 23 de agosto de 2014

A espada templária

Uma das características da Ordem do Templo era a sua completa e efetiva Regra. Nela foi regulamentado, até os últimos detalhes, os usos e comportamentos de um Irmão da Ordem. E então cabe uma pergunta: Como era a espada destinada a um templário?

É importante deixar claro, desde o princípio, que os Retrais (complementos da Regra Primitiva da Ordem) não indicam uma norma clara e explícita a esse respeito. Mas deixam alguns indícios que permitem fazer uma reconstrução bastante exata de como devia ser e quais critérios adaptar.

A espada templária: uma arma padronizada?

Parece que sim. Para embasar essa afirmação basta ler o que está escrito no artigo 138 da Regra, que se refere ao material que recebe cada irmão iniciante:

“Uma cota de malha, calças de ferro, elmo, uma espada, um escudo, uma lança, uma maça turca, uma sobreveste, camisão, sapatos de cota de malha, três facas, um punhal (...)”

Obviamente, cada postulante recebia seu próprio equipamento regulamentado. Não importava que o futuro irmão tivesse equipamento próprio. Independente da espada que levava, seria lhe entregue uma segundo a norma. 

O voto de humildade estava presente em vários artigos da regra primitiva. O artigo 18, por exemplo, diz: “... Ordenamos a todos que tenham o mesmo...”

De tal maneira que, salvo as diferenças que encontramos entre drapiers, armeiros e artesãos, os irmãos templários não deviam diferenciar-se uns dos outros, amparando-se no voto de humildade. Os Retrais nos deixa claro que há diferenças sutis quanto a quantidade – que não é qualidade – de equipamento entre os cargos da Ordem e um irmão raso, mas fundamentalmente era sempre o mesmo equipamento. O artigo 18 se refere à roupa, mas, em artigos posteriores, especialmente o 138, já mencionado, pode-se dizer que estão incluídos a roupa e as armas no mesmo artigo. Pois o armamento fazia parte da indumentária dos cavaleiros.

Outra pista sobre a padronização das armas templárias são encontradas no artigo 66 da regra primitiva, relativa aos cavaleiros seculares que ingressavam na ordem para passar um determinado tempo:

“Ordenamos que todos os cavaleiros seculares (...) que adquiram, cumprindo a norma, um cavalo e armas adequadas (...) E mais, que ambas as partes deem um preço ao cavalo e que esse preço fique por escrito para não ser esquecido (...) e deixai que tudo o que o cavaleiro, seu escudeiro e seu cavalo necessitem provenham da caridade fraterna segundo os meios da casa.”

Observa-se um detalhe: se pede que o cavaleiro porte armas adequadas, o que sugere uma norma de tipologia e qualidade. Não se tinha qualquer espada, senão a espada que se considerasse adequada, ou seja, uma arma que cumprisse determinados padrões. 

Por outro lado, determinadas comendas (considere-se as comendas maiores ou as que tinham guarnição militar) dispunham de um arsenal próprio, tal como se observa no artigo 102: “O mariscal deveria ter sob sua jurisdição todas as armas da casa: aquelas que foram adquiridas para dá-las aos irmãos (...)”

Mas não se deve parar nesse artigo, pois há uma frase que é repetida por toda a regra, tanto no relativo a armas e armaduras como a outros pertences que é “(...) será dado pela casa”. O que reforça a opinião de que existia um estoque de material.

Enfim, daqui pode-se notar que cada templário recebia uma só espada e essa espada tinha que cumprir uma série de critérios de morfologia e qualidade. Se sugere também a existência de arsenais onde se armazenavam as armas sob tutela do mariscal da ordem (cargo eminentemente militar).

A espada templária: qual era o tipo de lâmina usado?

Ainda que não esteja escrito em nenhum lugar, haja vista que cada templário recebe da casa somente uma espada, parece bastante óbvio que tinha que ser uma espada de arção. Apta tanto a combater montado quanto a pé.

Outro dado que reforça essa tese está no artigo 144, que diz: “(...)nenhum irmão pode encurtar seus estribos de couro, nem seu arreio, nem o cinto de sua espada (...) sem permissão(...)”

Encurtar os estribos implica em combater com a espada ao invés de com a lança. Quer dizer combater corpo a corpo, pois assim o cavaleiro pode erguer-se sobre os estribos para acertar um golpe, ou para ter mais campo para manipular a arma. Da mesma forma, ajustar o arreio, e o cinturão da espada supõe se preparar para a ação. Quer dizer: só poderia preparar-se para o manejo da espada com a permissão necessária antes de entrar em combate.

Tipologia de Oakeshott
Ainda falta identificar a lâmina. Não se pode dizer que contamos com algum testemunho escrito, mas temos uma cronologia e um estudo a sobre a morfologia das espadas. Segundo a denominação Oakeshott, se pode deduzir sem muita margem de erro que a lâmina deveria ser uma X, uma Xa, ou uma XI. Em todo caso, havia um amplo sulco (por mera funcionalidade: um aspecto sóbrio que não contraria o voto de humildade. Nada de luxo desnecessário).   

Deduzimos, então, que a espada templária era de arção (pelas regras), sóbria (pelo voto de humildade) e com um grande sulco no centro de sua lâmina (pelas características da época).

A espada templária: como era sua guarnição?

Esse é um terreno mais especulativo, mas não menos verossímil. No artigo 561, nos detalhes da penitência – sobre um irmão expulso que reteve seu equipamento – não como aparece no manuscrito de Curzon, senão pelo de Dijon, se menciona expressamente que a espada “lembra a cruz que temos no peito”. Sabemos – não pela regra, mas pelos usos gerais – que era habitual rezar ante a cruz da espada, considerando esta como tal. Se recordava uma cruz, não é presunçoso pensar duas coisas:

1ª – os guarda-mãos deviam ser retos ou espatulados

2ª – dado a definição da cruz pátea – símbolo do Templo – implica que deveria ser mais larga nos extremos do que nos centros e guarda-mão espatulado tipo 5 (segundo Oakeshot).

Nos sobra por definir o pomo da empunhadura e essa será a afirmação mais temerária. Nada aparece escrito ou aludido na Regra a esse respeito. Mas sendo esse um trabalho que demandava muito esforço e os cavaleiros templários tendo feito votos de pobreza e humildade essa parte da espada provavelmente não deveria incorporar adorno algum. Um pomo poligonal ou com forma de noz implica em um trabalho extraordinário para o armeiro. Assim, não é muito fora da realidade teorizar que o pomo seria discoidal (o menos trabalhoso). Um tipo G, H, I ou J1 segundo Oakeshott.

Essa informação é a menos rigorosa dentro desse artigo, mas ainda assim não é tão avoada e contém uma certa lógica.

Para finalizar: como era a espada templária?

Segundo o explicado anteriormente, a espada de um irmão templário seria uma arma de guarnição, sujeita a uma certa norma de qualidade não especificada. Feita de arção com um amplo sulco, guarda-mãos totalmente retos ou espatulados, pomo discoidal e isenta de qualquer adorno supérfluo. 

(tradução livre do texto encontrado no site:http://www.espadasydragones.es/armas-medievales-la-espada-templaria)  

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A mística de Raul Seixas

Hoje completam 25 anos da morte de Raul Seixas. O roqueiro é conhecido como o maluco beleza, aquele cara que é louco, mas que não machuca ou agride ninguém, o que é uma visão um tanto quanto simplista sobre quem foi esse artista.

Raul nasceu na Bahia, desde criança escutou rock, porém não esqueceu de suas raízes na cultura nordestina e era um grande fã de Luis Gonzaga, assim como de Elvis Presley. O tempo passou e a criança que gostava de rock fundou um grupo que futuramente viria a ser chamado de Raulzito e os Panteras. Essa banda acompanhou Jerry Adriani em sua turnê pelo nordeste e logo após Raul se muda para o Rio de Janeiro onde começou o trabalho como produtor da CBS. Até que um dia ele decide conhecer um jornalista que escrevia numa revista sobre disco voadores e outras loucuras místicas. O nome desse jornalista era Paulo Coelho e esse encontro marcaria profundamente, não só a vida dos dois, mas também a da música brasileira e, o que mais nos interessa aqui nesse blog, o universo místico e esotérico do Brasil.

Paulo Coelho apresentou a Raul as ideias daquele que foi o mais importante mago do século XX, Aleister Crowley. A partir de então uma sequência de músicas sobre Thelema foram feitas pela dupla. E mais, Marcelo Mota, o responsável por trazer ao Brasil a obra de Crowley, tornou-se um parceiro de Raul e Paulo Coelho e, com eles, escreveu músicas antológicas do rock brasileiro. Obras primas, como A Maçã e Tente Outra Vez são o resultado dessa parceria.

Algum tempo depois, ainda nos anos 70, houve uma tentativa de fazer no Brasil a Sociedade Alternativa, uma comunidade anárquica com total influência dos ideais de Crowley. É óbvio que os militares, que governavam o país na época, não aceitaram essa sociedade e a ideia se perdeu.

A parceria entre Raul e Paulo deixaria de existir ainda na década de 70. Mas em suas canções Raul nunca se desvinculou do universo místico e esotérico. Em seu último disco, por exemplo, há uma música chamada Nuit, que pode tanto significar noite, em francês, como ser também o nome da deusa dos céus egípcia, que por sinal é a principal oradora da primeira parte do livro da lei de Aleister Crowley e tem uma grande importância para a Thelema.

Outra música que merece ser mencionada chama-se Água Viva, do disco Gita. Ela faz um relato de que pela noite corre uma fonte de água que dá vida a todas as criaturas. Essa música foi inspirada na obra do poeta e místico espanhol, São Juan de La Cruz, mais precisamente no poema A Noite Escura da Alma. Essa poesia, escrita em 1578 ou 1579, narra a jornada da alma na noite escura até encontrar a fonte de toda luz, que é Deus.


Para finalizar, parece até lugar comum falar que a obra de Raul é imensa. Seus últimos dias de vida e sua morte, porém, são tristes. Raul tinha um carisma e uma profundidade mística em seu trabalho que fizeram dele quase que uma figura de um profeta. Um santo que é seguido por multidões. Claro que o cantor não era nada disso, mas hoje, após 25 anos de sua morte, ainda é difícil aceitar a perda de um artista tão rico em simbologia, sarcasmo, poesia. Enfim, tantos outros atributos que, com certeza, o fazem ser o maior expoente do rock n`roll no Brasil.

Viva Raul!  







sábado, 21 de junho de 2014

Na Alemanha, um tribunal chamado Santa Vema

Olá, caros leitores, uma das melhores seleções dessa Copa do Mundo é a Alemanha. Eu fiquei pensando: preciso escrever algo sobre esse país, afinal ele é tão rico em histórias, folclores e esoterismo. Confesso que a primeira ideia a vir à cabeça foi voltar ao tempo do nazismo e relatar a face oculta do governo de Hitler. Mas, após uma breve reflexão, descartei esse tema, pois muitos já falaram sobre isso e eu seria apenas mais um. Logo, escolhi outro assunto, esse um pouco mais oculto – pelo menos para nós brasileiros. Trata-se dos Tribunais da Santa Vema, ou Vehme ou, ainda, Feme.

Mas o que era isso? Para compreender o que eram esses tribunais devemos regressar à Idade Média, na época do imperador Carlos Magno. Era comum em muitos territórios da Europa, mais especificamente na região onde hoje é o Estado da Alemanha, a adoração a deuses pagãos; roubos com o consentimento dos senhores feudais, que arrecadavam parte das pilhagens; feiticeiras que trabalhavam como prostitutas nos castelos; justiça corrupta; e opressão aos pobres e fracos. Enfim, era uma situação muito iníqua.

Sabendo disso, Carlos Magno enviou à região agentes encarregados de uma missão secreta. Eles deveriam zelar pela justiça e condutas cristãs de quem quer que fosse, tanto de ricos quanto pobres, tanto nobres quanto servos. Iniciava-se ali a sociedade secreta dos franco-juízes. A hierarquia dessa sociedade era composta por Gão-Mestres, Franco-Condes, Franco-Juizes e Iniciados. Ninguém chegava a Franco-Juiz sem ser germânico, cristão e livre.

Essa sociedade secreta era responsável pelos Tribunais da Santa Vema que, em pouco tempo, tornou-se o terror dos poderosos, bandidos, magos negros... bastava alguém avistar um mascarado que logo calafrios subiam os corpos.

O Tribunal funcionava assim: o criminoso era preso por um homem de vestes negras, depois levado a subterrâneos onde era interrogado por uma única voz. Após o interrogatório era tirada sua venda e o local iluminava-se. Era possível ver uma quantidade enorme de franco-juízes, todos mascarados. À meia-noite era proferida a sentença. Nem todos os suspeitos eram condenados, caso a inocência do réu fosse legítima ele era solto. Porém, se fosse pego em flagrante o condenado era executado sumariamente. No geral, era amarrada uma corda em uma árvore e ali era feito o enforcamento. A morte podia-se dar também com uma punhalada no peito e no punhal havia uma faixa descrevendo a sentença.      

No século XV estima-se que na Alemanha existiam mais de cem mil franco-juízes e a identidade deles era secreta. Logo, quem praticava algo errado tinha medo de ter entre seus amigos e familiares um franco-juíz que poderia dar-lhe a morte.

Essa é apenas uma das histórias envolvendo sociedades secretas e misticismo na Alemanha. Muitas outras podem ser contadas. Mas, acredito que, pelo menos por hoje, já está de bom tamanho.




terça-feira, 17 de junho de 2014

Inglaterra. Entre os druidas e o graal.

Uma das nações mais fortes nesse mundial é a Inglaterra. Seu amor pelo futebol é tão intenso quanto no Brasil, afinal foram eles que inventaram esse esporte. Mas, fora isso, esse país tem uma tradição mística muito densa, a começar pelos seus ancestrais: os celtas. Esse povo habitou o território inglês alguns séculos antes de Cristo. Mas com a chegada dos romanos e a futura cristianização da Bretanha, eles desapareceram. Muito da tradição mística da atual religião Wicca é fruto da cultura dos Druidas, antigos sacerdotes celtas.

Contudo, apesar do cristianismo na Inglaterra, a antiga religião deixou seus reflexos e permaneceu na nova cultura bretã. A crença em antigos seres feéricos, como gnomos, duendes e fadas persistiu, atravessou séculos e hoje faz parte do folclore popular europeu.

Essas lendas, atualmente, são aceitas e se pode acreditar, ou não, nelas. Na Idade Média, entretanto, não havia liberdade para tais crenças. Quem praticasse ou simplesmente cresse em algo que remetia à antiga religião – também considerada religião da Deusa – seria julgado pelo Tribunal do Santo Ofício e provavelmente queimaria nas fogueiras da Inquisição.

Foi assim, dessa forma, que muitas mulheres morreram acusadas de bruxaria. Mas, na verdade, a maioria delas possuía um conhecimento sobre ervas e, quando muito, louvavam sua Deusa. Esses rituais, em homenagem à Grande Mãe, incluíam sexo, oferendas e o culto a outro deus, o Deus Cornífero. Tratava-se da figura de um bode. Daí para a Igreja Católica associá-lo ao Diabo não precisou muito. Logo, esses rituais passaram a ser praticados em reuniões secretas, no silêncio da noite.

Engana-se, porém, quem acredita que o cristianismo trouxe somente perseguição e censura ao povo da Bretanha. Na Idade Média, quando a posição de cavaleiro adquiriu um grau de nobreza, surgiu uma lenda que povoaria a imaginação de inúmeras pessoas ao longo dos séculos. Afinal, quem não se lembra da imponente Excalibur? Ou senão de Sir Lancelot do Lago? Isso mesmo. Trata-se da história do rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda.

E o que isso tem a ver com o cristianismo? A resposta só pode ser uma, tudo. A começar pela legitimidade divina do reinado de Artur. Deus queria que fosse ele. Somente o rei poderia retirar a espada Excalibur da rocha em que se encontrava. Portanto o reinado estava destinado por Deus a Artur.

Mas pulemos grande parte da história desse reinado para inserir a busca pelo Santo Graal. Oras, o Graal nada mais era do que o cálice em que Jesus bebeu na última ceia e que fora utilizado por José de Arimateia para guardar e transportar o sangue de Cristo. Conta a lenda que Jose de Arimateia teria saído de Jerusalém e viajado até a Inglaterra carregando consigo o cálice sagrado. Onde o objeto se encontra, porém, é uma grande dúvida.

A procura pelo Graal motivou os cavaleiros de Artur a saírem em busca de aventuras nos mais distantes pontos do reino. A Távola Redonda, local de encontro dos cavaleiros, era usada pelo menos uma vez por mês e, nela, havia uma cadeira destinada ao cálice sagrado.

Pela lenda três cavaleiros encontraram o Santo Graal. Mas, na realidade, se há mesmo um cálice contendo o sangue de Cristo não se sabe. Existem inúmeras especulações. Uma delas, famosa pelo livro O Código Da Vinci, diz que o Graal é a linhagem de Cristo, que teria se casado com Maria Madalena e com ela teve uma criança. Após a crucificação, Maria Madalena teria viajado com a criança para o sul da França e dado início à Dinastia Merovíngia. Coube aos cavaleiros Templários guardar a linhagem sagrada e mantê-la em sigilo.

Essa é apenas uma das inúmeras histórias que podem ser contadas sobre o folclore e mitologia bretã. Há muito ainda a ser lembrado e relatado aos que se interessam pelo assunto. É o que tentaremos fazer aqui nesse Blog.

Obrigado pela sua leitura e não deixe de enviar um comentário. 



    



quinta-feira, 12 de junho de 2014

Que venha o hexa!

Hoje tem início a tão esperada Copa do Mundo. É com muito amor e ufanismo que o Brasil festeja essa data. Não à toa. Estamos no dia dos namorados e o primeiro jogo do mundial é nosso. Os sentimentos estão à flor da pele. Mistura-se o amor à pátria com o amor entre namorados. É isso o que o futebol desperta em nosso povo: um conjunto de emoções.

Essa comunhão de sentimentos provocados pela Copa tem a capacidade de unir as diferentes etnias, ideologias e credos. Sendo assim, é um importante momento para reparar diferenças e cultivar a convivência pacífica entre as religiões, independente de suas origens.

Está na hora dos evangélicos aceitarem os cultos afrobrasileiros, os católicos respeitarem os pentecostais, os judeus não se auto segregarem e os muçulmanos aceitarem que a arte pode ser divertida, mesmo quando brinca com a religiosidade.

É claro que isso é uma grande utopia. Mas o Brasil é um país que permite o livre exercício de religião (desde que dentro da lei). O problema é que há uma grande sombra fundamentalista no congresso nacional e nas câmaras estaduais e municipais. Essa corrente política e religiosa se constitui por meio de uma bancada evangélica que prega rígidos valores morais (apesar de muitos de seus políticos serem acusados de corrupção) e preparam, na surdina, leis que dificultam ou coíbem a liberdade de culto para minorias religiosas.

Esse não é o Brasil visto nos filmes e nas propagandas, um país em que a diversidade e a miscigenação fazem parte de sua história e definem sua identidade. É preciso muito cuidado com o preconceito (escondido ou disfarçado) e a intolerância, sob suas muitas formas, nesse caso a religiosa.

Mas voltemos à Copa. Esse mundial de futebol promete ser inesquecível. Todo o país está de olho nele. Isso sem contar na enorme quantidade de estrangeiros que, nesse exato momento, estão em terras brasileiras. O Estado de enormes proporções transformou-se em um verdadeiro continente, com cores, línguas, culturas, religiões e nações que brindam, festejam e alegram as ruas por onde passam. Ainda assim, não roubam o sentimento que os brasileiros têm pelo país. O nacionalismo está presente em cada bandeira exposta em prédios, carros, muros; e em todo coração que, gostando ou não de futebol, está atento aos gramados onde pisará cada jogador brasileiro.

E que venha o hexa!


 
   
  


sexta-feira, 2 de maio de 2014

Espadas europeias famosas


Na trilogia do Senhor dos Anéis e na, agora mais recente, do Hobbit é possível notar que dentro da história criada por J.R.R. Tolkien existem aventuras encantadoras, com seres completamente fantásticos e objetos extremamente poderosos. Dentre esses artefatos vale destacar as espadas. Algumas delas possuem tal importância para a história de Tolkien que são tratadas por nomes próprios, como é o caso da Anduril, Ferroada, Orcrist e Narsil.

Apesar de seu grande impulso criativo, Tolkien se baseou em lendas e folclores presentes na Europa ao longo dos séculos. Assim foi com os nomes das espadas. As armas que se destacavam pela sua importância como, por exemplo, o de ser a espada oficial do rei ou de um cavaleiro de grande nobreza que, com ela, venceu muitas batalhas, na crença popular adquiriam um poder sobrenatural e características próprias que as diferiam de outras armas.

Espada Joiosa (internet)
Vou destacar aqui três espadas que ficaram famosas no período medieval. Uma delas era a usada pelo rei Carlos Magno. Diz a lenda que Joiosa, como era conhecida, trocava de cor cerca de trinta vezes durante o dia e continha no cabo, algo em torno de 500 gramas de ouro. Desde a Idade Média ela fora usada para a investidura dos novos reis da França. Hoje, ela pertence ao acervo do Museu do Louvre, mas há dúvidas se ela é a mesma utilizada por Carlos Magno, já que sua idade não condiz com o período em que esse rei esteve vivo.

No centro, a Espada da Misericórdia (internet

Outra espada lendária da Europa é a Espada da Misericórdia, que pertenceu ao rei Eduardo, o Confessor, da Inglaterra do século XI. Essa arma medieval faz parte das joias da Coroa e é usada a cada coroação de um novo monarca britânico. Um detalhe que a diferencia de outras espadas é que ela possui a ponta quebrada. Conta a lenda que um anjo a quebrou para evitar matança desnecessária.

Na Itália, existe uma espada, presente na capela de Monte Siepi, que está encravada numa pedra. A lenda diz que ela era de São Galgano, um cavaleiro da Toscana que virou santo após duvidar de que sua espada se fincaria na pedra. Como tal milagre ocorreu ele devotou sua vida a Deus. Hoje, no local, há um mosteiro Cisterciense.  
Espada de São Galgano (internet)



Essas são espadas que chegaram aos dias de hoje e possuem comprovação histórica. Mas há muitas lendas dessas e de outras espadas que possuíam lâminas inquebráveis, ficavam incrustadas em pedras e seriam invencíveis. Enfim, há todo um folclore envolvendo as armas de monarcas, nobres e bravos guerreiros. Histórias que dariam um verdadeiro e completo jogo de RPG.



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terça-feira, 29 de abril de 2014

O destino da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e da Árvore da Vida

Existe um livro apócrifo chamado de O livro da penitência de Adão. Nele há a história do que foi feito com a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e da Árvore da Vida. Na verdade, elas formavam uma única árvore e um anjo deu a Set, terceiro filho de Adão, três sementes dela, que foram postas na boca do primeiro homem quando ele morreu.

No lugar onde fora enterrado, nasceu a moita ardente utilizada por Deus para conversar com Moisés. Dessa moita, Moisés pegou a madeira para fazer o seu cajado. Porém, mesmo separada da planta sagrada, essa vara não deixou de viver e florir, foi guardada na arca da aliança e plantada por Davi no monte Sião.

O rei Salomão, quando da construção do Templo, utilizou a madeira tríplice dessa árvore, plantada por Davi, para fazer as duas colunas da entrada do templo – Jakin e Boaz – e o frontal da porta principal. Os levitas, no entanto, arrancaram, durante a noite, um pedaço dessa madeira e o jogaram no fundo de uma piscina probática.

No tempo de Jesus Cristo, os judeus encontraram essa madeira, inútil no pensar deles, e fizeram uma ponte sobre o regato de Cedron. Dessa ponte arrancaram três troncos e fizeram a cruz.


Essa é a história resumida da que foi apresentada por Éliphas Lévi em seu livro História da Magia. Não precisa ser um cientificista para achá-la por demais fantasiosa. No entanto, ela carrega muita simbologia e informações cabalísticas que apenas um observador experiente poderia retirar os conhecimentos místicos que a contemplam.   

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Ave Maria em Hebraico

SHALOM ALAIK MIRIAM
MELEATI CHEN
ADONAI IMEK
BRUKHAH AT BA-NASHIYM
UBARUK PRIY-BITNEK
IESHUA
MIRIAM HA-QDOSHAH EM HA-ELOHIM
HA-ATIYRIY BAAEDEINU HA-CHATAIYM
ATAH UBEET MOTEINU

Amém

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Pai Nosso

Em português

Pai nosso que estais no céu
santificado seja o vosso nome;
venha a nós o vosso reino,
seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos daí hoje.
Perdoai-nos as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido;
e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Amém

Em latim

Pater noster, qui es in caelis;
sanctificétur nomen tuum;
advéniat regnum tuum; Fiat volúntas tua sicut in caelo, et in terra.
Panem nistrum cotidiánum da nobis hódie;
et dimítte nobis débiita nostra,
sicut et nos dimíttimus debitóribus nostris;
et ne nos indúcas in tentatiónem;
sed libera nos a malo.
Amém

Em aramaico

ABBA
YTHQADDASCH SCHEMAK
THETHIE MALKUTAK
LACHAMANA DELIMCHAR HAB LAN
YOMA HADEN
USCHEBOQ LAN CHOBENAN HEKMA
DESCHEBAQNAM LECHAYY ABENAN
UELA TAELINAN LENISYONAH

(FONTE: Sociedade das Ciências Antigas)

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Reflexões sobre a Páscoa e o materialismo

A semana santa de 2014 já passou. Mas qual foi seu significado para a maioria dos brasileiros? Será que o espírito da Páscoa tocou o coração das pessoas? Ou será que em ano de Copa – ainda mais sendo em nosso país – o mais importante foi o ufanismo ou o conservadorismo ante a esquerda no poder?

As respostas para essas perguntas podem ser as mais variadas. Mas a sensação que fica, a cada ano que passa, é que a espiritualidade perdeu espaço no coração das pessoas. O materialismo está cercando mais e mais a vida da população, principalmente de quem mora nas grandes cidades.

Por favor, não pensem que não gosto de chocolates ou de receber presentes. Todos gostam, uns mais outros menos. O problema é o esvaziamento simbólico do significado da páscoa. A data se tornou o período por excelência da venda de chocolates, e somente isso. Poucas pessoas, famílias, comunidades ou nações se lembram de que a Páscoa possui um significado espiritual muito íntimo.

A Páscoa é passagem. Ela simboliza a transformação. Para os cristãos é a mudança de um Jesus humano, morto na cruz, em Cristo, o Messias divino e ressuscitado. Para os judeus é a libertação de todo seu povo da escravidão no Egito. Ou seja, uma passagem de um estado de escravos para o de homens livres.   

Pode parecer pouco, e até simples, mas tais significados são muito profundos para a espiritualidade. Isso é perceptível entre os alquimistas medievais e sua pedra filosofal, que seria capaz de transformar o chumbo em ouro ou, sendo mais claro, transmutar nosso ser bruto e materialista em um novo ser, lapidado, com a centelha divina acesa no coração.

Obviamente, não prego o pleno desapego da materialidade. Só um ermitão conseguiria isso e essa não é uma opção mais adequada para nós humanos que devemos fazer o bem às outras pessoas. A caridade é, por isso, um importante instrumento para auxiliar a busca espiritual. Os desejos materiais, portanto, precisam ser lapidados e dosados para que não se sobreponham à espiritualidade e ao simbolismo de datas tão importantes quanto a Páscoa.   

   

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Alguns apontamentos sobre a crucificação

Crucificação (imagem: Blog Canção Nova)
  • Um primeiro e importante fato que deve ser observado sobre a crucificação é que essa era uma pena aplicada pelos romanos. Os judeus quando aplicavam a pena de morte geralmente utilizavam o apedrejamento. Logo, o suplício e a morte de Cristo devem ser vistos como responsabilidade de Roma, excluindo-se assim a culpa secularmente feita aos judeus.
  • A cruz era um instrumento usado para a tortura e morte de ladrões, malfeitores, rebeldes e todo tipo de vilania e insurgência.
  • Os homens eram crucificados com as costas voltadas para a cruz. As mulheres, ao contrário, tinham a frente de seu corpo voltada para a madeira do instrumento mortal.
  • Dependendo dos crimes cometidos podia-se, antes do cumprimento da pena, quebrar os braços dos condenados à cruz se seus delitos fossem de violência, ou as pernas caso o crime fosse de fuga.
  • Na crucificação era inserido um grande prego abaixo do períneo, que servia como um alicerce para sustentar o corpo na cruz. Caso o crucificado fosse condenado por violação de mulheres esse prego era posto exatamente nos órgãos sexuais do agressor.
  • Na época de Cristo havia duas formas de crucificar alguém: de cabeça para cima e de cabeça para baixo. Aqueles que fossem condenados por crimes comuns eram crucificados com a cabeça para cima. Já os condenados por delitos políticos ou de tramar contra o Império Romano sofriam a pena de cabeça para baixo. Jesus fora condenado com mais dois criminosos e, até onde sabemos da história, de cabeça pra cima, assim como os outros dois. Logo podemos compreender que ele fora visto por Roma como um criminoso comum, ao contrário de alguns cristãos, dos primeiros séculos de nossa Era, que foram crucificados para baixo.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Igreja Católica Apostólica Romana



·         Será realizada hoje, 3 de abril, a canonização do missionário padre José de Anchieta. Para comemorar o feito, uma missa de ação de graças será celebrada no dia 4 de abril.

·         No dia 27 de abril serão canonizados os papas João Paulo II e João XXIII. A cerimônia será realizada no Vaticano e espera-se cerca de 250 mil fieis na celebração.


·         Os textos mais antigos contendo o Pai Nosso e o Evangelho de São Lucas estão à mostra na Exposição Verbum Domini II, que ocorre no Vaticano até 22 de junho. São quase 200 manuscritos antigos e documentos bíblicos que fazem parte da maior coleção privada desse tema. 

quarta-feira, 12 de março de 2014

Os Cátaros


A História, infelizmente, está marcada por genocídios que, se não exterminaram, causaram grandes perdas humanas, religiosas e culturais. Comunidades inteiras tiveram seu fim de forma trágica. Cruelmente, homens, mulheres e crianças foram assassinados. Não se trata apenas de fatos isolados, mas sim de eventos cíclicos que insistem em atormentar os homens.

Com os cátaros não foi diferente. Embora cristãos fervorosos, foram dizimados em uma cruzada direcionada contra eles. Isso porque não partilhavam de algumas práticas e dogmas pertencentes à religião católica.  
Região do Languedoc na França

Os cátaros surgiram na região do Languedoc, no sul da França, que era a sociedade mais avançada da Europa cristã, durante a Idade Média. Lá, o comércio com as cidades espanholas, incluindo as das regiões dominadas pelos mouros, fluía livremente e o contato entre diferentes culturas, como a islâmica, a cristã e a judaica, era uma realidade. Os nobres eram letrados e o fanatismo religioso não era uma prática comum.

A corrupção do clero católico, porém, contrastava com essa iluminada sociedade. O comportamento clerical foi uma vergonha para a Sé Católica e uma decepção para as famílias de nobres que fizeram doações de terras, dinheiro ou outros bens à Igreja. Não à toa o anticlericalismo foi uma consequência direta das atitudes de padres e bispos.

Nesse contexto surgiu a heresia que ficou conhecida como catarismo. Os cátaros eram denominados puros ou perfeitos e seus membros podiam ser tanto homens como mulheres. Eles andavam sempre em duplas – o que serviu de argumento para serem acusados de sodomia – pregavam aos campesinos e fazendeiros e partilhavam do trabalho, alimentação e orações. Eles incentivavam o modo de vida simples e humilde, assim como viveu Jesus Cristo. O comportamento deles se assemelhava muito ao dos cristãos dos primeiros séculos de nossa Era. Ainda mais com a mulher tendo a mesma importância que o homem, assim como era no cristianismo primitivo.

A visão de mundo dos cátaros, no entanto, incomodou a Igreja. Pela doutrina cátara a cruz não era um objeto que simbolizava Jesus, pois foi nele que se deu seu sofrimento e morte. O batismo e a presença na missa aos domingos também não eram necessários para a vida espiritual. A salvação, no entanto, estava no dia-a-dia aplicando na sociedade as virtudes como caridade, humildade e a prática de servir ao próximo.

Outra heresia praticada pelos cátaros era a de crer em dois Deuses. Um era o Deus mal, que criou o mundo e toda matéria presente no universo. O outro era um Deus bom, responsável por tudo quanto era espiritual. A missão do homem, segundo o catarismo, era transcender a matéria, renunciar a tudo de mal e aderir ao Amor, sentimento que ligava ao Deus bom.

Esse pensamento foi partilhado, também, no começo da Era Cristã, por uma seita da Armênia conhecida como Paulicianos. Essa seita foi tida como uma ameaça pelo Império Bizantino que os expulsou daquela região. Foram enviados para a Trácia, no norte da Grécia. De lá, suas ideias chegaram na Bulgária. Nesse local, um padre de sobrenome Bogomilo, fundou uma Igreja com as ideias dualistas trazidas pelos paulicianos. Eles rejeitavam o Antigo Testamento, o batismo, a eucaristia, a cruz, os sacramentos e toda estrutura da Igreja Católica. Supõe-se que as ideias cátaras foram, em grande parte, influenciadas pela seita dos Bogomilos.  

Ilustração da Cruzada Albigense
O fim dos cátaros se deu quando o Papa Inocêncio III decidiu empreender uma Cruzada, contra essa heresia, na cidade de Albi. Daí o nome de como ficou conhecido esse conflito, Cruzada Albigense. Ao todo foram mais de trinta anos de batalhas, começando em 1209 e terminando em 1244. Os cátaros foram dizimados. Homens, mulheres e crianças, todos se depararam com a fúria e força dos cruzados.

Foi um triste fim, mostrou a todos como pode ser incerto o futuro daqueles que não simpatizam com uma potência armada. Alia-se a isso o fanatismo religioso e a cobiça por terras e poder. Infelizmente esse não foi um caso único na história. Mas com certeza ainda pode ajudar, pelo menos como um ponto a ser refletido, para que não mais ocorram genocídios como esses. 



segunda-feira, 3 de março de 2014

Missa solene em homenagem aos 700 anos da morte de Jacques de Molay

No dia 18 de março de 2014, às 11 horas, será realizada na Igreja da Irmandade da Santa Cruz dos Militares, no Rio de Janeiro, uma Missa solene em homenagem aos 700 anos da morte de Jacques De Molay.

Jacques De Molay
Grão-mestre da Ordem dos Templários, De Molay faleceu no dia 18 de março de 1314, queimado na fogueira da Inquisição, em Paris. Ele foi julgado como herege reincidente, já que teria retirado sua confissão – feita através de tortura – dos crimes imputados à Ordem. Na época, muitos templários foram presos e acusados de homossexualismo, heresia, idolatria, culto ao demônio, entre outros crimes. Fatos esses que não se comprovaram.

Em 2008, o vaticano lançou uma publicação chamada Processus contra Templários. Nela, a Igreja Católica admite a inocência da Ordem e confirma a manipulação do julgamento feita por Filipe IV, então rei da França.

A Missa, solicitada pelo Priorado do Rio de Janeiro, da OSMTH – Porto – PT, principal entidade templária existente hoje no mundo, será um evento tanto para os integrantes do Priorado quanto para os simpatizantes do Templarismo Cristão.



domingo, 23 de fevereiro de 2014

Castelos medievais no Brasil

Uma de minhas paixões sempre foi a História, seja ela antiga, medieval ou contemporânea. Mas ultimamente tenho dado atenção especial para a Idade Média. Se você, assim como eu, gosta desse tema vou lhe dar uma sugestão de locais que são passeios imperdíveis, mesmo que seja pela internet.

Hoje, no Brasil, há dois lugares que são referências em armas brancas e artigos medievais. Um no Rio Grande do Sul e outro em Pernambuco. Ambos são estruturados como castelos da Idade Média e suas arquiteturas são um atrativo à parte.

Castelo Saint George
Brasão de Família
O Castelo Saint George, situado na cidade gaúcha de Gramado, possui uma vasta coleção de cutelaria, mas seu forte são os Brasões. Existe um enorme acervo que não somente é exposto, como é utilizado para descobrir e comercializar as Armas (símbolos) de um determinado sobrenome.
Castelo São João



Já o Castelo São João, Museu do Instituto Ricardo Brennard, no Recife, possui mais de três mil peças de Armaria, sendo uma das maiores coleções do mundo. Seu acervo conta com itens da Inglaterra, França, Itália, Alemanha, Espanha, Suécia, Turquia, Índia e Japão.


Área interna do Castelo São João
O Instituto Ricardo Brennand conta ainda com uma ação educativa, que oferece visitas monitoradas a alunos de todas as idades, formação de professores e educadores, encontros culturais com pessoas da terceira idade e visitas monitoradas para o público espontâneo.


Nas páginas da internet desses dois castelos é possível conseguir mais informações sobre as atividades deles. A do Castelo Saint George é museumedieval.com.br e do Castelo São João é institutoricardobrennand.org.br.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

1° Ano / Egrégoras

Em janeiro último o Blog Fé Mística completou 1 ano. Pode parecer pouco, mas trata-se de uma importante conquista para este que vos escreve. Foram 12 meses lapidando temas de misticismo e esoterismo e transformando-os em textos acessíveis e interessantes para qualquer tipo de público.

Em 1 ano o Blog conseguiu uma parceria com a editora Minuano e, o mais importante, editou a Revista Fé Mística, ainda no primeiro número, mas com perspectivas muito promissoras. Agora, em 2014, a meta é continuar a apresentar novos textos todos os meses e produzir conteúdo inédito para a Revista Fé Mística. 

Para iniciar esse ano escolho o tema Egrégoras para a primeira postagem. Muitos dos que leem esse Blog já ouviram falar ou têm uma certa noção sobre o que seja isso. Mas para quem desconhece totalmente esse assunto vamos começar do básico: o que é uma egrégora?

A egrégora é uma imagem astral formada por uma união de pensamentos em comum sobre um determinado tema. Como exemplo, podemos citar a Igreja Católica. São milhões [ou quem sabe bilhões] de pessoas que possuem a mesma fé e direcionam o pensamento para o mesmo ponto.

Uma pessoa pode se integrar à determinada egrégora através de um ritual de iniciação ou por uma adesão intelectual. Uma vez dentro dela, o homem, ou a mulher, passa a ser uma célula que a constitui e a acresce com suas qualidades e defeitos. Em troca a egrégora protege seu partícipe de eventos no mundo físico. A egrégora também pode ser negativa, sugando a energia de quem à ela está ligado.

Outro exemplo da força das egrégoras, é quando alguém que estuda sobre um determinado assunto acaba incorporando e aceitando as ideias desse assunto ficando cada vez mais próximo a ele. Uma corrente de pensamento, no entanto, só se torna viva e longeva caso haja rituais que a prosperem. Assim, se cessar os ritos que a compõem, lentamente a egrégora morre. Alias, essa morte pode ocorrer, também, como praticava a Inquisição, queimando todos os seus integrantes pelo fogo de e eliminando todos os símbolos e escritos relacionados à ela.

Para concluir, é possível citar algumas egrégoras, pelo menos algumas poderosas, são elas: Cristianismo, Islamismo, Judaísmo, Budismo, Martinismo, Thelemistas (seguidores de Aleister Crowley), Wicca, entre outras.

 E agora, sabendo o que é uma egrégora, por favor, escreva nos comentários desse post se você faz parte de uma. Será uma colaboração muito enriquecedora de você que lê esse Blog.