terça-feira, 10 de setembro de 2013

Os messias e o messianismo

Nos séculos próximos ao nascimento de Jesus – tanto anteriores quanto posteriores – o messianismo judaico esteve em plena efervescência. A história constata que alguns homens naquela época se diziam o Messias judaico.

De fato, o movimento messiânico tinha na região do oriente médio um campo fértil para se solidificar. Doenças, pobreza, martírios, submissão ao Império Romano e muitos outros fatores podem explicar esse fenômeno religioso. Mas, existe uma explicação comum a todos. É a fé. A crença de um povo sofrido que acredita, fielmente, na existência de um salvador e de que esse está no mundo para libertar e salvar seus seguidores.   

Os judeus acreditavam que um líder, descendente do rei Davi, chegaria e os guiaria ante a imponência do Império Romano, que os governava na época. Alguns homens eram tidos como profetas, como João Batista, outros se auto denominaram Messias, mas, apenas um, Jesus, conseguiu um discipulado capaz de ultrapassar as fronteiras físicas e espirituais dos judeus.

Porém, nem todos creram nele e as ideias messiânicas continuaram a vigorar nesses dois mil anos depois de Cristo. Um exemplo claro é a crença dos portugueses na volta de Dom Sebastião. O rei foi morto na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578. A partir dessa data Portugal passa a ser governado pela Coroa espanhola. Muitos portugueses, no entanto, acreditavam (e alguns ainda hoje acreditam) que o rei Dom Sebastião retornaria e faria de Portugal uma grande nação.   

Como era perceptível, Dom Sebastião não voltou, entretanto, as lendas e mitos sobre ele ultrapassaram o oceano e vieram para o Brasil. No século XIX os progressos da Revolução Industrial chegaram ao nosso país, principalmente no sudeste e nas regiões litorâneas. Já o sertão não recebeu esses avanços. A vida de um sertanejo era muito difícil. Sol forte, temperaturas elevadas, pobreza, fome, seca, doenças, enfim, uma situação desoladora. Mistura-se a tudo isso uma fé inabalável. Estava pronto o cenário para surgir mais um Messias ou profeta. A população miserável do nordeste passou a seguir Antônio Conselheiro considerando-o um homem santo, que realizava milagres e fazia benfeitorias. O resultado não podia ser pior: a Guerra de Canudos. Milhares de brasileiros, em sua grande maioria discípulos miseráveis de Conselheiro, foram mortos e dizimados. Uma verdadeira tragédia, com ares de Antiguidade em pleno século XIX.

Mas o messianismo não cessou e novos casos foram relatados no mundo afora. Exemplos aos montes podem ser citados, como o caso de Jim Jones e seus seguidores na seita Templo dos Povos. Eles realizaram, entre si, o maior suicídio coletivo da história, com mais de 900 mortos. Com certeza, muitos outros casos de messianismo surgiram no mundo. Mas, em todos eles é preciso uma análise cuidadosa sobre quem é, de fato, o líder, suas faculdades mentais e suas opiniões sobre a atualidade.         

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Como surgiu a riqueza dos templários

O início da Ordem do Templo se deu quando um grupo de 9 cavaleiros resolveu proteger os peregrinos que visitavam os locais sagrados de Jerusalém. Na Igreja do Santo Sepulcro, eles fizeram votos de pobreza, castidade e obediência, como era feito pelos monges. No começo, sobreviviam apenas com as doações recebidas da nobreza cristã.

Com o tempo, essas doações ficaram mais generosas e os templários tornaram-se grandes proprietários de terras, principalmente na Europa, onde vivia a maior parte dos cristãos. Muitos lotes de terrenos foram doados à Ordem, que fez de tudo para transformar essas propriedades em fontes de recursos para a manutenção de seu exército em Jerusalém. Essas doações, no entanto, eram dispersas. Dificilmente envolvia uma grande quantidade de terras contíguas que rendessem benefícios aos seus gestores. Para resolver esse problema, os Templários compravam ou permutavam as terras que lhes seriam necessárias.

Essas comendas eram vistas com bons olhos pela população local, já que onde havia uma delas, dificilmente faltaria alimentos. As comendas menores eram formadas, geralmente, pelo mestre, alguns cavaleiros, um esmoler, um enfermeiro, um ecônomo, um recebedor dos direitos devidos ao Templo, alguns artesãos, um responsável pela venda dos produtos, um capelão e um clérigo. Claro que essa formação podia sofrer alterações dependendo do tamanho da comenda. Mas o importante é que onde existia territórios ou propriedades templárias praticamente não houve fome, desemprego ou insegurança.

Muitas das terras eram arrendadas ou locadas aos camponeses menos afortunados. Em locais pouco povoados, como na Península Ibérica, eram oferecidas condições especiais para aqueles que trabalhassem em suas terras. Nessa localidade, onde foi feita a reconquista cristã, os Templários chegaram, inclusive, a chamar os mouros para trabalhar em suas propriedades. Em troca era oferecida liberdade de culto aos muçulmanos, mas, também, era exigido que jurassem fidelidade à Ordem do Templo.

Na região de Provence, na França, os Templários tinham uma propriedade grandiosa. Lá, muitos camponeses foram contratados para desmatar o solo e trabalhar as zonas pantanosas. A criação de cavalos e carneiros era imensa. Isso era importante, já que os cavaleiros utilizavam mais de um cavalo. Já a lã dos carneiros era utilizada para confecção de roupas que depois eram exportadas. A pele era usada na fabricação de sacos, proteção e arreios. Já a carne era salgada e levada à Terra Santa.

A Ordem do Templo era proprietária de muitos moinhos e fornos, que locavam a preço muito mais barato do que o de outros senhores. Fora isso, os Templários ainda recebiam impostos, sobre o valor de venda, de praticamente tudo que era produzido e comercializado. Para proteger e incentivar o comércio, os Templários construíram e protegeram diversas estradas e rotas. Dessa forma as mercadorias podiam circular mais rapidamente e sem riscos.

Com o comércio evoluindo, foi-se necessário achar um meio de lidar com as finanças. A Ordem mantinha em cada província sua, um irmão tesoureiro para cuidar do dinheiro. A prática de empréstimos em troca de bens depositados na Ordem tornou-se rotineira. Na verdade eram feitos empréstimos por penhora ou por hipotecas. Trabalhavam, também, como banqueiros. Eram criadas contas correntes e todo mês podia-se realizar depósitos nessas contas, ordenar pagamentos e diversos outros serviços bancários.  

Essas são apenas algumas, de muitas, características da cobertura financeira do Templo. Mas, com o exposto acima, é possível compreender a importância da Ordem do Templo para o desenvolvimento de uma Europa que estava submersa nas trevas da Idade Média.

Em breve, dissertarei mais sobre essa impressionante Ordem de Cavalaria Medieval.