sábado, 21 de junho de 2014

Na Alemanha, um tribunal chamado Santa Vema

Olá, caros leitores, uma das melhores seleções dessa Copa do Mundo é a Alemanha. Eu fiquei pensando: preciso escrever algo sobre esse país, afinal ele é tão rico em histórias, folclores e esoterismo. Confesso que a primeira ideia a vir à cabeça foi voltar ao tempo do nazismo e relatar a face oculta do governo de Hitler. Mas, após uma breve reflexão, descartei esse tema, pois muitos já falaram sobre isso e eu seria apenas mais um. Logo, escolhi outro assunto, esse um pouco mais oculto – pelo menos para nós brasileiros. Trata-se dos Tribunais da Santa Vema, ou Vehme ou, ainda, Feme.

Mas o que era isso? Para compreender o que eram esses tribunais devemos regressar à Idade Média, na época do imperador Carlos Magno. Era comum em muitos territórios da Europa, mais especificamente na região onde hoje é o Estado da Alemanha, a adoração a deuses pagãos; roubos com o consentimento dos senhores feudais, que arrecadavam parte das pilhagens; feiticeiras que trabalhavam como prostitutas nos castelos; justiça corrupta; e opressão aos pobres e fracos. Enfim, era uma situação muito iníqua.

Sabendo disso, Carlos Magno enviou à região agentes encarregados de uma missão secreta. Eles deveriam zelar pela justiça e condutas cristãs de quem quer que fosse, tanto de ricos quanto pobres, tanto nobres quanto servos. Iniciava-se ali a sociedade secreta dos franco-juízes. A hierarquia dessa sociedade era composta por Gão-Mestres, Franco-Condes, Franco-Juizes e Iniciados. Ninguém chegava a Franco-Juiz sem ser germânico, cristão e livre.

Essa sociedade secreta era responsável pelos Tribunais da Santa Vema que, em pouco tempo, tornou-se o terror dos poderosos, bandidos, magos negros... bastava alguém avistar um mascarado que logo calafrios subiam os corpos.

O Tribunal funcionava assim: o criminoso era preso por um homem de vestes negras, depois levado a subterrâneos onde era interrogado por uma única voz. Após o interrogatório era tirada sua venda e o local iluminava-se. Era possível ver uma quantidade enorme de franco-juízes, todos mascarados. À meia-noite era proferida a sentença. Nem todos os suspeitos eram condenados, caso a inocência do réu fosse legítima ele era solto. Porém, se fosse pego em flagrante o condenado era executado sumariamente. No geral, era amarrada uma corda em uma árvore e ali era feito o enforcamento. A morte podia-se dar também com uma punhalada no peito e no punhal havia uma faixa descrevendo a sentença.      

No século XV estima-se que na Alemanha existiam mais de cem mil franco-juízes e a identidade deles era secreta. Logo, quem praticava algo errado tinha medo de ter entre seus amigos e familiares um franco-juíz que poderia dar-lhe a morte.

Essa é apenas uma das histórias envolvendo sociedades secretas e misticismo na Alemanha. Muitas outras podem ser contadas. Mas, acredito que, pelo menos por hoje, já está de bom tamanho.




terça-feira, 17 de junho de 2014

Inglaterra. Entre os druidas e o graal.

Uma das nações mais fortes nesse mundial é a Inglaterra. Seu amor pelo futebol é tão intenso quanto no Brasil, afinal foram eles que inventaram esse esporte. Mas, fora isso, esse país tem uma tradição mística muito densa, a começar pelos seus ancestrais: os celtas. Esse povo habitou o território inglês alguns séculos antes de Cristo. Mas com a chegada dos romanos e a futura cristianização da Bretanha, eles desapareceram. Muito da tradição mística da atual religião Wicca é fruto da cultura dos Druidas, antigos sacerdotes celtas.

Contudo, apesar do cristianismo na Inglaterra, a antiga religião deixou seus reflexos e permaneceu na nova cultura bretã. A crença em antigos seres feéricos, como gnomos, duendes e fadas persistiu, atravessou séculos e hoje faz parte do folclore popular europeu.

Essas lendas, atualmente, são aceitas e se pode acreditar, ou não, nelas. Na Idade Média, entretanto, não havia liberdade para tais crenças. Quem praticasse ou simplesmente cresse em algo que remetia à antiga religião – também considerada religião da Deusa – seria julgado pelo Tribunal do Santo Ofício e provavelmente queimaria nas fogueiras da Inquisição.

Foi assim, dessa forma, que muitas mulheres morreram acusadas de bruxaria. Mas, na verdade, a maioria delas possuía um conhecimento sobre ervas e, quando muito, louvavam sua Deusa. Esses rituais, em homenagem à Grande Mãe, incluíam sexo, oferendas e o culto a outro deus, o Deus Cornífero. Tratava-se da figura de um bode. Daí para a Igreja Católica associá-lo ao Diabo não precisou muito. Logo, esses rituais passaram a ser praticados em reuniões secretas, no silêncio da noite.

Engana-se, porém, quem acredita que o cristianismo trouxe somente perseguição e censura ao povo da Bretanha. Na Idade Média, quando a posição de cavaleiro adquiriu um grau de nobreza, surgiu uma lenda que povoaria a imaginação de inúmeras pessoas ao longo dos séculos. Afinal, quem não se lembra da imponente Excalibur? Ou senão de Sir Lancelot do Lago? Isso mesmo. Trata-se da história do rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda.

E o que isso tem a ver com o cristianismo? A resposta só pode ser uma, tudo. A começar pela legitimidade divina do reinado de Artur. Deus queria que fosse ele. Somente o rei poderia retirar a espada Excalibur da rocha em que se encontrava. Portanto o reinado estava destinado por Deus a Artur.

Mas pulemos grande parte da história desse reinado para inserir a busca pelo Santo Graal. Oras, o Graal nada mais era do que o cálice em que Jesus bebeu na última ceia e que fora utilizado por José de Arimateia para guardar e transportar o sangue de Cristo. Conta a lenda que Jose de Arimateia teria saído de Jerusalém e viajado até a Inglaterra carregando consigo o cálice sagrado. Onde o objeto se encontra, porém, é uma grande dúvida.

A procura pelo Graal motivou os cavaleiros de Artur a saírem em busca de aventuras nos mais distantes pontos do reino. A Távola Redonda, local de encontro dos cavaleiros, era usada pelo menos uma vez por mês e, nela, havia uma cadeira destinada ao cálice sagrado.

Pela lenda três cavaleiros encontraram o Santo Graal. Mas, na realidade, se há mesmo um cálice contendo o sangue de Cristo não se sabe. Existem inúmeras especulações. Uma delas, famosa pelo livro O Código Da Vinci, diz que o Graal é a linhagem de Cristo, que teria se casado com Maria Madalena e com ela teve uma criança. Após a crucificação, Maria Madalena teria viajado com a criança para o sul da França e dado início à Dinastia Merovíngia. Coube aos cavaleiros Templários guardar a linhagem sagrada e mantê-la em sigilo.

Essa é apenas uma das inúmeras histórias que podem ser contadas sobre o folclore e mitologia bretã. Há muito ainda a ser lembrado e relatado aos que se interessam pelo assunto. É o que tentaremos fazer aqui nesse Blog.

Obrigado pela sua leitura e não deixe de enviar um comentário. 



    



quinta-feira, 12 de junho de 2014

Que venha o hexa!

Hoje tem início a tão esperada Copa do Mundo. É com muito amor e ufanismo que o Brasil festeja essa data. Não à toa. Estamos no dia dos namorados e o primeiro jogo do mundial é nosso. Os sentimentos estão à flor da pele. Mistura-se o amor à pátria com o amor entre namorados. É isso o que o futebol desperta em nosso povo: um conjunto de emoções.

Essa comunhão de sentimentos provocados pela Copa tem a capacidade de unir as diferentes etnias, ideologias e credos. Sendo assim, é um importante momento para reparar diferenças e cultivar a convivência pacífica entre as religiões, independente de suas origens.

Está na hora dos evangélicos aceitarem os cultos afrobrasileiros, os católicos respeitarem os pentecostais, os judeus não se auto segregarem e os muçulmanos aceitarem que a arte pode ser divertida, mesmo quando brinca com a religiosidade.

É claro que isso é uma grande utopia. Mas o Brasil é um país que permite o livre exercício de religião (desde que dentro da lei). O problema é que há uma grande sombra fundamentalista no congresso nacional e nas câmaras estaduais e municipais. Essa corrente política e religiosa se constitui por meio de uma bancada evangélica que prega rígidos valores morais (apesar de muitos de seus políticos serem acusados de corrupção) e preparam, na surdina, leis que dificultam ou coíbem a liberdade de culto para minorias religiosas.

Esse não é o Brasil visto nos filmes e nas propagandas, um país em que a diversidade e a miscigenação fazem parte de sua história e definem sua identidade. É preciso muito cuidado com o preconceito (escondido ou disfarçado) e a intolerância, sob suas muitas formas, nesse caso a religiosa.

Mas voltemos à Copa. Esse mundial de futebol promete ser inesquecível. Todo o país está de olho nele. Isso sem contar na enorme quantidade de estrangeiros que, nesse exato momento, estão em terras brasileiras. O Estado de enormes proporções transformou-se em um verdadeiro continente, com cores, línguas, culturas, religiões e nações que brindam, festejam e alegram as ruas por onde passam. Ainda assim, não roubam o sentimento que os brasileiros têm pelo país. O nacionalismo está presente em cada bandeira exposta em prédios, carros, muros; e em todo coração que, gostando ou não de futebol, está atento aos gramados onde pisará cada jogador brasileiro.

E que venha o hexa!