segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Uma nova história para Jesus


A história de Cristo é bem conhecida pela maioria da população. Jesus foi filho de Maria, a virgem, teve como pai o carpinteiro José, nasceu em Belém e foi morar no Egito, ainda criança, para fugir do rei Herodes. O tempo passou e ele começou a realizar milagres e pregar a palavra de Deus.  Juntou ao seu redor 12 apóstolos e muitos seguidores. Sua morte, assim como a ressurreição três dias depois, ocorreu quando ele tinha 33 anos de idade.

Esse é um resumo da história mais conhecida do Messias. Mas existem outros relatos sobre sua vida. Eles estão descritos nos evangelhos apócrifos – um conjunto de manuscritos que datam dos primeiros séculos da Era Cristã e dão diferentes versões sobre o que ocorreu com Cristo.

Uma dessas versões é um possível relacionamento entre Jesus e Maria Madalena. Pelos evangelhos canônicos – Mateus, Marcos, Lucas e João – já é possível perceber alguma intimidade entre os dois. Afinal, foi Maria Madalena quem secou os pés de Jesus com seus cabelos e, também, a primeira pessoa a vê-lo após a ressurreição.

Os essênios, os zelotes e o Santo Graal

Mas, antes de continuar, para uma melhor compreensão sobre a vida de Jesus, é preciso descrever um pouco sobre as seitas e grupos presentes na Palestina no período que compreende os primeiros séculos antes e depois de Cristo.

Os grupos dos Saduceus e Fariseus são os mais conhecidos, pois foram amplamente abordados na Bíblia. Sendo que os Saduceus formavam a elite judaica e eram próximos do poder romano. E os Fariseus eram considerados como rabinos, seguiam a lei de Moisés, mas receberam duras críticas de Jesus.

Outros dois grupos judaicos também eram importantes na época, eles são os essênios e os zelotes. A seita dos essênios foi uma das mais misteriosas. Apesar de não constarem na Bíblia, eles eram numerosos na época em que Jesus esteve vivo. Sua história inicia-se entre os anos 152 e 143 antes de Cristo. Eles viviam em comunidades no deserto entre o Egito e a Palestina. Trajavam roupas brancas, banhavam-se nos rios antes das refeições, que eram consideradas sagradas e, por isso, se davam quase como um ritual. Eram conhecidos, também, por dominarem as técnicas de cura, sendo ótimos médicos – a própria palavra “essênios” significa terapeutas. 

Acredita-se que João Batista assim como o seu ritual de batismo nas águas do rio Jordão eram essênios. Supõe-se que o próprio Jesus participava dessa seita e era considerado um de seus mestres, daí uma explicação para os diversos milagres que teria realizado curando a população.

Pois bem, outro grupo que merece ser abordado era o dos zelotes, composto por judeus contrários à dominação romana na Palestina. Essa seita foi responsável por incitar a população contra Roma na Revolta Judaica, ocorrida no ano 66 depois de Cristo. Mas, ainda enquanto Jesus estava vivo, o descontentamento contra o Império Romano era perceptível e a capacidade dele – do Messias – de comover as massas era bem evidente. Conforme o tempo passava mais gente o seguia e a chance de uma revolta já naquela época era grande. As autoridades, entretanto, foram mais rápidas e contaram com o pacifismo de Jesus para prendê-lo e crucificá-lo.
 
O responsável pela prisão de Cristo foi Judas Iscariotes. Pelo cristianismo católico e suas diversas ramificações Judas é visto como traidor. Mas há uma versão sobre a vida de Jesus que afirma que esse apóstolo era o que melhor compreendia seus ensinamentos e que foi o próprio Cristo quem pediu para que Judas o denuncia-se. Pois era necessário seguir as escrituras e Jesus confiou a ele, seu fiel discípulo, essa missão.

Pela história da Igreja, após a crucificação, Jesus foi retirado da cruz, envolto em um pano branco de linho e deixado em uma gruta onde teria ficado por três dias. Mas essa versão se difere da prática comumente adotada para os crucificados pelo Império Romano. O condenado ficava na cruz até apodrecer. O que leva a crer que, ou Roma ajudou a realizar o que estava dito nas escrituras, ou houvesse algum plano elaborado para que deixassem tirá-lo da cruz – mas isso é muito difícil de afirmar 2 mil anos depois. Porém, fica a dúvida.

Após a ressurreição, Maria Madalena que mantinha um relacionamento com Jesus foi levada, grávida, por José de Arimateia ao Egito e, de lá, para o sul da França. Nessa região nasceu a criança que tinha a linhagem sagrada de Cristo. Surge aí o que seria o Santo Graal ou Sangraal ou, sendo mais preciso, Sangue Real. O sangue de Jesus Cristo. Mas isso, já é outra história.  


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Martinismo: cristianismo e magia

O cristianismo e a magia, em um primeiro momento, parecem não se misturar. De fato, a maioria das instituições cristãs – incluindo aí a Igreja Católica e as evangélicas – não reconhece a magia como uma via para se chegar a Jesus ou louvar a Deus.

Mas a história aponta para uma tênue linha de divisão entre a crença cristã e a prática mágica. É assim desde a passagem de Cristo pela Terra. A Bíblia, aliás, conta que em seu nascimento Jesus recebeu a visita de três reis magos, cada um entregando um presente para o rei dos judeus.

Séculos depois na Idade Média a Ordem dos Templários, tipicamente cristã, parece ter utilizado muitos conhecimentos ocultos em seus rituais e rotinas. Diz-se que a Ordem descobriu uma série de segredos sob as ruínas do velho e destruído templo de Jerusalém. A cabala e o hermetismo dos antigos sábios judeus poderiam ser alguns desses segredos.

A Ordem do Templo, porém, foi caçada e logo seus milhares de membros foram presos, mortos ou – aqueles que sobreviveram – decidiram fugir para locais mais seguros e distantes da Inquisição.

Entretanto o conhecimento hermético não desapareceu, ele se manifestou novamente com os rosa-cruzes do século XVII e, já no século XVIII, uma importante corrente cristã surgiu na Europa. Baseado nos ensinamentos de Martinès de Pasqually, mestre maçom do rito dos Elus Cohen, e nos escritos de Jacob Boheme, Louis Claude de Saint-Martin inicia uma nova doutrina mística e filosófica: o martinismo.

Entre outras definições, o martinismo consistiu em interiorizar os rituais praticados pelos Elus Cohen. Além disso, Saint-Martin deixou de utilizar a maçonaria e seus rituais como forma de entrar em contato com a divindade e com os seres invisíveis. Para se iniciar no martinismo bastava ser um homem, ou mulher, que tivesse vontade de se reintegrar com o divino.      

Algumas décadas após a morte de Louis Claude de Saint-Martin, já no século XIX, o martinismo passou por uma reformulação. A ele foram incorporados alguns elementos maçônicos, como a iniciação em 3 graus e a estrutura de uma Ordem iniciática. Um dos grandes responsáveis por essas mudanças foi o místico Papus, que também foi um dos nomes que estruturou a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz.

A partir daí apareceram inúmeras Ordens martinistas. Isso é um dado relevante, pois permite que cristãos interessados em ocultismo, magia, teurgia e esoterismo em geral, possam ingressar em uma Ordem que visa acima de tudo fazer o bem. O martinismo é praticado através de muita oração e de uma estrutura moral impecável – que é conquistada com o tempo e com muito esforço. Ou seja, é uma alternativa cristã em um universo enorme composto por Ordens de magia negra, thelemistas – que seguem a doutrina de Aleister Crowley – Wicca, entre outras.

O martinismo tem uma preocupação muito forte com a cura de pessoas e almas doentes, tanto física quanto moral e espiritualmente. Uma vez dentro da Ordem é necessário esquecer que terá algum status ou fama com isso. Lá se trabalha com o silêncio e seu mais alto grau é o de Superior Incógnito, ou seja, superior desconhecido.

Portanto, para se tornar um martinista é preciso muita vontade e, ao mesmo tempo, um controle efetivo sobre o orgulho. Pois esse não é um caminho para quem busca um reconhecimento mundano e, com ele, galgar posições sociais. Mas sim para quem quer se doar, mesmo tendo a certeza de que será desconhecido, e praticar o bem, ainda que com o tempo tudo que fizer caia no esquecimento.


Para quem se interessa há os sites Hermanubis e Sociedade das Ciências Antigas. Eles contêm muito material sobre o martinismo. Vale a pena conhecê-los.