segunda-feira, 21 de abril de 2014

Reflexões sobre a Páscoa e o materialismo

A semana santa de 2014 já passou. Mas qual foi seu significado para a maioria dos brasileiros? Será que o espírito da Páscoa tocou o coração das pessoas? Ou será que em ano de Copa – ainda mais sendo em nosso país – o mais importante foi o ufanismo ou o conservadorismo ante a esquerda no poder?

As respostas para essas perguntas podem ser as mais variadas. Mas a sensação que fica, a cada ano que passa, é que a espiritualidade perdeu espaço no coração das pessoas. O materialismo está cercando mais e mais a vida da população, principalmente de quem mora nas grandes cidades.

Por favor, não pensem que não gosto de chocolates ou de receber presentes. Todos gostam, uns mais outros menos. O problema é o esvaziamento simbólico do significado da páscoa. A data se tornou o período por excelência da venda de chocolates, e somente isso. Poucas pessoas, famílias, comunidades ou nações se lembram de que a Páscoa possui um significado espiritual muito íntimo.

A Páscoa é passagem. Ela simboliza a transformação. Para os cristãos é a mudança de um Jesus humano, morto na cruz, em Cristo, o Messias divino e ressuscitado. Para os judeus é a libertação de todo seu povo da escravidão no Egito. Ou seja, uma passagem de um estado de escravos para o de homens livres.   

Pode parecer pouco, e até simples, mas tais significados são muito profundos para a espiritualidade. Isso é perceptível entre os alquimistas medievais e sua pedra filosofal, que seria capaz de transformar o chumbo em ouro ou, sendo mais claro, transmutar nosso ser bruto e materialista em um novo ser, lapidado, com a centelha divina acesa no coração.

Obviamente, não prego o pleno desapego da materialidade. Só um ermitão conseguiria isso e essa não é uma opção mais adequada para nós humanos que devemos fazer o bem às outras pessoas. A caridade é, por isso, um importante instrumento para auxiliar a busca espiritual. Os desejos materiais, portanto, precisam ser lapidados e dosados para que não se sobreponham à espiritualidade e ao simbolismo de datas tão importantes quanto a Páscoa.   

   

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