quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Milagres. Do inexplicável ao charlatanismo.

Milagres existem? Bom, se algum religioso ler isso certamente dirá que sim. Milagres existem e são feitos por mãos de santos ou, no caso de evangélicos, de bispos ou pastores.

A palavra milagre tem uma conotação muito interessante, já que, em muitos momentos, está relacionada à cura. Portanto, quando alguém adoece de algum mal que a medicina tradicional é incapaz de tratar, mas, ainda assim, se recupera ficando plenamente saudável, é comum dizer-se que ocorreu um milagre.

Os milagres ficaram conhecidos através dos relatos bíblicos sobre Jesus Cristo. Segundo a Bíblia, o rei dos judeus teria praticado curas, afastado demônios, ressuscitado um homem, multiplicado pães e peixes, andado sobre a água e feito uma série de outras transformações da realidade que não podem ser explicados pela ciência ou por um pensamento racional (Hoje a ciência ainda tenta explicá-los, mas o raciocínio lógico ainda diz que esses fatos não passam de crendices ou, na visão dos espiritualistas, de milagres).

Mas essa busca incessante por dar explicações aos fenômenos da natureza, ou daquilo que foge à realidade tornando-se sobrenatural, esteve sempre na cabeça do homem. A diferença é que nos séculos mais recentes a ciência ganhou uma predominância sobre as outras formas de conhecimento.
     
Até a Idade Média os conhecimentos científico, filosófico e esotérico possuíam praticamente as mesmas fontes. A ciência, a metafísica e o misticismo encontravam-se intrinsecamente ligados e todo o saber estava relacionado a eles. Logo, o que não era possível de se explicar com uma dessas três áreas de conhecimento era solucionado pelas outras duas. Hoje isso não ocorre mais. Sendo assim, a ciência não permite que a realidade seja explicada por meio da mitologia e até a filosofia está subordinada à forma de conhecimento determinada pelos cientificistas.

Esse predomínio da ciência sobre as outras áreas de conhecimento levou, inclusive, a Igreja Católica a adotar como milagres – realizados pelos Santos – somente os casos em que não é possível haver uma comprovação científica. Estando esgotadas todas possibilidades de explicações lógicas e racionais o feito só pode ter como origem a divindade e seus desígnios.

A ciência nesses casos é, de fato, uma importante ferramenta para separar aqueles que têm boa fé e acreditam nos milagres, daqueles de má índole que só querem enganar as pessoas e arrecadar mais dinheiro com suas Igrejas.  

Por isso é preciso estar atento, pois muitos dos que são descritos como milagres, ou seja, fatos sem a comprovação científica, são na verdade golpes aplicados por falsos profetas em uma população carente de explicações para seus sofrimentos ou para a própria existência.

Nesse caso, o milagre não é aquilo que a ciência não pode comprovar. Mas sim, o feito, ou fato, que a ciência prova não possuir outra explicação que não uma intervenção divina. Pode parecer confuso esse argumento, mas é mais fácil visualizá-lo com um exemplo: imagine que existe um sacerdote que afirma ser capaz de realizar milagres. Então para mostrar essa capacidade ele decide curar um paraplégico e, de fato, a pessoa levanta-se da cadeira de rodas e sai do local andando. Oras, antes de afirmar que ocorreu um milagre é necessário que a ciência comprove que essa pessoa era um deficiente e que realmente não possuía outra forma de recuperar o movimento das pernas a não ser que fosse por um milagre.       

Na maior parte dos casos esses acontecimentos não passam de uma fraude. Portanto, cabe a cada um estabelecer o seu senso crítico e não se deixar enganar facilmente por essas incontáveis Igrejas que se autodenominam portadoras da verdade e da palavra de Cristo. A ciência nesses casos deve ser compreendida como uma de muitas ferramentas para que cada cidadão se considere livre para crer ou não em milagres.   


   




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